Ação da Petrobras salta 10% e Bolsa tem maior alta no ano; dólar sobe
Diário da Manhã
Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 05:10 | Atualizado há 9 anosRIO – A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ganhou fôlego no meio da tarde desta quarta-feira com a disparada das ações da Petrobras. A estatal acompanhou a trajetória de alta do petróleo após notícias sobre os estoques americanos do produto e uma possível iniciativa conjunta de Rússia e outros grandes produtores contra a desvalorização da commodity. O índice de referência Ibovespa encerrou em alta de 2,34%, aos 38.376 pontos. Foi a maior alta desde 9 de dezembro, quando a derrota do governo na composição da Comissão Especial de Impeachment animou investidores. A Petrobras ON (com direito a voto) saltou 9,73% (R$ 6,54) — também a maior alta desde 9 de dezembro —, enquanto a PN subiu 8,81% (R$ 4,57). Na máxima do pregão, a Petrobras ON atingiu R$ 6,79.
Já o dólar comercial, que registrava a quarta queda consecutiva ao longo do dia e chegou a cair R$ 4,031, acabou fechando em alta de 0,39%, cotada a R$ 4,085 para venda. A mudança de trajetória aconteceu pouco antes de o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) reafirmar sua disposição de subir juros de forma gradual, observando que está “monitorando de perto os fatores econômicos e financeiros globais”. Como esperado, o Fed manteve as taxas inalteradas na reunião terminada nesta quarta.
— Antes, previa-se que haveria quatro altas este ano. Com a recente queda do petróleo, porém, as expectativas agora são de mais uma ou duas. O petróleo mais barato tem impacto deflacionário nos EUA, já que se reflete imediatamente nas bombas. Por causa dessas projeções sobre os juros, o dólar vinha caindo há alguns dias — avaliou Paulo Gomes, economista-chefe da Azimut.
Após o comunicado do Fed, com o órgão mantendo sua política de alta de juros e alertando para os riscos da economia global, as ações em Wall Street passaram a cair, a despeito da recuperação do petróleo. O índice Dow Jones cai 1,48%, enquanto o S&P 500 recua 1,15%. O Nasdaq cai 2,22%.
O petróleo do tipo Brent, que passou a manhã em queda, sobe agora 2,67%, a US$ 32,63. O produto chegou a atingir US$ 33,49. A commodity ganhou força após notícia de que a Rússia discute a possibilidade de coordenação com a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Também influenciou o fato de os estoques no maior hub americano de armazenamento de petróleo nos EUA, em Oklahoma, ter diminuído em 771 mil barris na semana passada, para 63,4 milhões. Foi a primeira queda desde outubro, embora os estoques totais nos EUA tenham subido em 8,38 milhões de barris, para 494,9 milhões.
— O movimento da Petrobras é de recuperação de preço em função da melhora do petróleo lá fora. O que mais influencia, na minha opinião, é a possível coordenação entre a Rússia e a Opep, já que os estoques americanos continuam, em geral, abarrotados. Isso puxou a Petrobras mas também animou o mercado como um todo — disse Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.
No mercado acionário europeu, os índices passaram quase todo o pregão em queda mas foram resgatados pela recuperação petróleo. O índice de referência do continente Euro Stoxx 50 subiu 0,35%, enquanto a Bolsa de Londres teve alta de 1,33%. Em Paris, a valorização foi de 0,54%, e em Frankfurt, de 0,59%.
Na Ásia, as ações chinesas recuperaram grande parte das perdas registradas durante o dia no fim de uma sessão volátil nesta quarta, terminando com ligeira queda. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,35%, enquanto a Bolsa de Xangai teve baixa de 0,5%. Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 2,72%.
JBS ENCOLHE MAIS DE 23% EM 3 PREGÕES
Além da Petrobras, também contribuiu para a alta do Ibovespa a alta de 5,82% da Ambev. Na Vale, a ação ON subiu 5,14% (R$ 9,41) e a PN avançou 5,28%, a R$ 7,18. A companhia foi favorecida pela alta de 3,29% na cotação da tonelada do minério de ferro, a US$ 42,43.
Entre os bancos, o Banco do Brasil ON recuou 1,47% (R$ 12,70), enquanto o Bradesco PN subiu 1,22%, a R$ 17,37. O Itaú Unibanco PN avançou 0,38% (R$ 23,68).
Na outra ponta, a JBS tem seu terceiro pregão seguido de forte queda. Ontem, o papel ON despencou 7,33% depois que o Ministério Público acusou executivos da companhia e do Banco Rural de suposto crime financeiro. Hoje, a ação despencou 14,71%, a R$ 8,41. Assim, em três pregões, a companhia acumulou desvalorização de 23,55%, ou R$ 7,4 bilhões em valor de mercado (para R$ 24,02 bilhões).
— A JBS sofre ainda com o noticiário de ontem. O mercado sempre acaba desconfiando sobre os desdobramentos que essa investigação pode ter — avaliou Luiz Roberto Monteiro, da Renascença.