
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a importância de uma abordagem cuidadosa do Banco Central ao definir a taxa básica de juros, a fim de conter a alta de preços sem levar o país à recessão. O ministro ressaltou que a política monetária deve ser conduzida com precisão, evitando consequências negativas para o crescimento da economia.
"A política monetária tem que ser conduzida com muita sabedoria, não pode deixar virar problema de crescimento da economia, não pode jogar o país numa recessão ou ter um problema grave em transações correntes com o exterior", afirmou o ministro.
Haddad explicou que, ao aumentar a taxa de juros, o Banco Central pode desaquecer a economia e controlar o aumento dos preços. No entanto, alertou que a adoção de uma política monetária inadequada pode prejudicar o crescimento econômico.
O Brasil lidera atualmente o ranking mundial de juros reais. Desde o dia 30 de janeiro, quando o Banco Central da Argentina reduziu sua taxa básica de juros de 32% para 29% ao ano, o Brasil manteve sua taxa real em 9,18%. No dia 29 de janeiro, o Banco Central brasileiro aumentou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, elevando-a para 13,25%, na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob a presidência de Gabriel Galípolo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou novamente a gestão do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, especialmente em relação ao impacto do nível de juros no aumento do dólar. Lula afirmou que a alta da moeda americana foi resultado de uma gestão "totalmente irresponsável" e alertou para os desafios de reverter a situação econômica.
"Depois da eleição do Trump, teve uma disparada no dólar, e a gente exporta gasolina e diesel, e isso tem um reflexo nos preços", disse Haddad, explicando que a alta da moeda americana impacta diretamente o preço de itens essenciais, como combustíveis e alimentos, que compõem os índices de inflação.
Embora Lula tenha reiterado suas críticas a Campos Neto, o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, já era diretor de política monetária da instituição durante o período de gestão do antecessor e acompanhou diversas das decisões que culminaram no cenário atual.
Haddad concluiu destacando que a política de aumento da taxa de juros pode ser uma medida eficaz para controlar a inflação, mas alertou para a necessidade de cautela. "Agora, tudo isso tem que ser feito da maneira correta, na dose certa", comparando o processo à administração de um antibiótico. "Não se pode tomar a cartela inteira em um dia nem deixar pular o horário, nem tomar mais ou menos do que precisa", explicou.