
O bom momento vivido pelos cafeicultores, com o preço da saca em alta, resultou em um faturamento recorde para a Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores) em 2024 e na maior distribuição de sobras já realizada aos seus cooperados.
Maior cooperativa de café do Brasil, a Cooxupé alcançou um faturamento de R$ 10,7 bilhões no ano passado, uma alta de 67% em relação aos R$ 6,4 bilhões registrados em 2023. Com a inflação, esse valor ajustado chega a R$ 6,78 bilhões.
Segundo o balanço da Cooxupé, serão distribuídos aos cooperados R$ 134,4 milhões, um aumento de 25,13% em relação aos R$ 101,4 milhões do ano anterior (R$ 107,4 milhões, corrigidos pela inflação).
A cooperativa considera o cenário atual como extraordinário, mas, de acordo com o presidente Carlos Augusto Rodrigues de Melo, alguns desafios, como o clima e a logística de exportação, impediram um desempenho ainda melhor. “O clima prejudicou. De certa forma, foi a razão de não ter recebido o que desejávamos [sacas de café na cooperativa] e também tem a questão logística, que foi um grande desafio administrar a questão portuária e fazer o café chegar ao seu destino”, afirmou Melo.
Em termos comparativos, o faturamento de 2024, após correção pela inflação, é inferior ao de 2022, quando a cooperativa alcançou R$ 10,1 bilhões, que se transformaram em R$ 11,1 bilhões ajustados pela inflação.
Na última quinta-feira (27), a saca de 60 quilos do café arábica estava cotada a R$ 2.544,62, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A cooperativa projeta que o desempenho em 2025 seguirá no mesmo ritmo. “A expectativa é boa para 2025, na mesma linha do que ocorreu em 2024, [com problemas] em relação ao clima. A logística é um desafio também. Outra grande preocupação é com os custos financeiros que o país está nos imputando, mas de uma maneira geral o mercado reagiu, o preço ficou bem, o produtor entendeu bem essa mensagem, participou em 2024 desse mercado em alta, isso ajuda o produtor a estar rentabilizado", declarou Osvaldo Bachião Filho, vice-presidente da Cooxupé.
A assembleia, onde o valor das sobras foi anunciado, ocorreu uma semana após o término da Femagri, feira organizada pela cooperativa em Guaxupé. O evento contou com 42,7 mil visitantes, 7 mil a mais do que a previsão inicial. A maioria dos negócios realizados na feira teve redução no prazo de pagamento, por opção dos produtores, que estavam capitalizados.
Em vez de financiar máquinas, insumos e implementos por prazos de três ou até cinco anos — mais comuns no setor — os cafeicultores preferiram pagar em até dois anos. Essa estratégia antecipou a renovação tecnológica no campo e evitou os custos das altas taxas de juros, que variam de 18% a 20% ao ano.
Segundo os dirigentes da Cooxupé, os valores referentes às sobras não são totalmente distribuídos em dinheiro, uma parte permanece na cota capital dos cooperados.
A cooperativa, que abriga cerca de 20 mil cooperados, sendo 97,4% considerados mini ou pequenos produtores, recebeu em 2024 um total de 6,1 milhões de sacas de café arábica. Isso inclui 4,9 milhões de sacas entregues pelos cooperados e 1,2 milhão de sacas de produtores não associados.