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Condições climáticas afeta a produção de carne e leite no Brasil

Chuva e seca influenciam custos de produção e preços de mercado, enquanto estratégias de manejo ajudam a manter a oferta

A produção de carne e leite no Brasil depende diretamente das chuvas regulares para garantir pastagem abundante e custos mais baixos para os pecuaristas A produção de carne e leite no Brasil depende diretamente das chuvas regulares para garantir pastagem abundante e custos mais baixos para os pecuaristas

A produção de carne e leite no Brasil é diretamente impactada pelas condições climáticas, aponta o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), chuvas regulares são essenciais para a formação de pastagens, que servem de alimentação para o gado e ajudam a reduzir custos. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 70% da alimentação do gado no Brasil é composta por pasto.

Quando as pastagens são suficientes, a produção pode ser mantida a um custo mais baixo, o que tende a estabilizar o mercado. No entanto, em períodos de seca, como o observado nos últimos anos, essa dinâmica se altera, e o aumento nos custos de alimentação suplementar pressiona os preços para o consumidor final. Em 2020, por exemplo, o preço do milho, principal insumo de ração, aumentou 60% devido à seca prolongada, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

“Aqui no Brasil, estamos privilegiados porque as instabilidades climáticas são raras; não temos tornados, gelo excessivo, e as secas ou chuvas mais concentradas afetam, mas não com a intensidade de outros países”, aponta Fabiano Tavares, diretor do Confinamento Pontal. Tavares explica que o setor pecuário brasileiro possui uma relativa segurança frente a outros países, que enfrentam desastres climáticos mais frequentes e severos.

Apesar disso, períodos prolongados de seca obrigam os pecuaristas a investirem em alternativas de alimentação, como ração e silagem, para evitar a perda de peso do gado e garantir a continuidade da produção. “Na seca, o custo adicional vem da ração, pois, sem pasto, o boi precisa comer algo para engordar. O custo diário é maior, mas o ganho de peso é mais rápido, o que torna o investimento compensador a longo prazo”, detalha Tavares.

O mercado financeiro reage às variações climáticas, com oscilações nos preços da carne e do leite. Tavares explica que essa precificação ocorre através da volatilidade da bolsa de valores: “Quando a bolsa sobe, o pecuarista pode travar ou vender a futuro, compensando o aumento de custo com uma venda mais lucrativa”. Estratégias para lidar com a escassez de pasto já fazem parte do planejamento do setor há três décadas.

Tecnologias como o confinamento, desenvolvidas no Brasil nos últimos 30 anos, têm sido adotadas para reduzir a dependência do pasto. “Nos Estados Unidos, o confinamento começou há cerca de 50 anos; aqui, em torno de 30 anos. Isso e a produção de silagem tornaram o setor mais resiliente às variações do clima”, destaca Tavares. A preparação para a seca, portanto, se tornou uma prática comum no setor pecuário, contribuindo para a estabilidade da oferta de carne e leite no Brasil, mesmo em condições climáticas adversas.

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