Estamos vivenciando algo nunca visto na história do mercado de trabalho: várias gerações trabalhando juntas, compartilhando tarefas, responsabilidades e também opiniões. Diante dessa realidade, faz parte de um bom líder lidar e explorar o chamado conflito de gerações no ambiente de trabalho, já que esta nova realidade tende a permanecer daqui para frente devido a uma série de fatores.
O conflito de gerações no trabalho ocorre quando as diferenças de idade se manifestam na forma de pensar ou nas ações das pessoas, criando um impasse entre os envolvidos. O desenvolvimento de disputas pode ser considerado um ciclo. O conflito cresce cada vez mais se não for administrado. É por isso que é importante levantar a questão e implementar medidas eficazes para criar um ambiente de trabalho inclusivo.
Segundo Nayara Pereira, sócia KBL responsável pelo departamento de Gente e Gestão, é perceptível as diferenças dentro da empresa entre as formas de trabalhar dos funcionários da geração X e Y, com os da geração Z. “Os colaboradores com 30+, entendem que uma carreira precisa ser construída e trilhada, e que eles não irão crescer profissionalmente da ‘noite para o dia’. Eles entendem que necessitam de uma fase de aprendizado, entregas e o crescimento vem como consequência. Já a geração Z, questiona os padrões e busca esse crescimento mais rápido”, explica.
As principais diferenças no modo de trabalhar entre as idades são bastante notáveis. A nova geração tende a ser mais resistente a certas mudanças, pois valoriza flexibilidade e facilidade no ambiente de trabalho. Em contraste, a geração mais antiga foca mais na carreira e, apesar de enfrentar mais dificuldades com a tecnologia, geralmente se esforça mais para se adaptar.
“Observamos uma diferença clara de mentalidade. Os profissionais mais jovens, por exemplo, buscam um crescimento rápido e são mais imediatistas. Já aqueles com mais de 40 anos priorizam a estabilidade na carreira. No entanto, sempre há exceções a essas tendências gerais”, destaca Nayara.
Além disso, a geração Z está particularmente focada na qualidade de vida. Eles querem um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, ao contrário das gerações X e Y, que muitas vezes priorizam o trabalho árduo e veem o trabalho como uma parte central de suas vidas. Essas diferenças mostram como cada geração tem suas próprias prioridades e abordagens ao trabalho.
“Um outro ponto de divergência da geração Z em comparação com as outras gerações é o canal de comunicação, que é uma geração que precisa de feedbacks frequentes. Mas em contrapartida eles têm dificuldades de ouvir e identificar os pontos apontados como passíveis de melhorias. Muitas vezes esse jovem até questiona o Feedback recebido”, continua.
Nayara explica quais são os métodos utilizados dentro da empresa para lidar com os conflitos geracionais. “Com visões de mundo e interesses diferentes, é natural que surjam conflitos geracionais. Para administrar esses conflitos realizamos treinamentos, rodas de conversas, mentorias, quando possível uma flexibilização da gestão e trabalho em equipe”.
Durante os processos seletivos:
“Ao realizar as entrevistas com os candidatos mais jovens percebemos um fenômeno interessante, muitas vezes eles exercem o papel de ‘entrevistador’ e fazem muitas perguntas, sobre a empresa, rotina de trabalho, padrões estabelecidos e etc, o que não é muito comum com os candidatos mais velhos. Para essa nova geração o trabalho não pode ser algo que atrapalhe seu estilo de vida, por este motivo, eles buscam espaços onde terão mais flexibilidade e autonomia”, finaliza.