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Dólar alto, comércio online e até guerra de tarifas de Trump podem mudar rua 25 de Março

Dólar alto, comércio online e até mesmo a guerra de tarifas iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão afetando a rua 25 de Março.

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Dólar alto, comércio online e até mesmo a guerra de tarifas iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão afetando a rua 25 de Março, um dos principais centros de comércio popular da capital paulista, e podem alterar o perfil de negócios e consumo da região.

Clientes, vendedores, lojistas e representantes dos comerciantes locais ouvidos pela reportagem afirmam que a tarifa imposta à China por Trump, de 145% ao final da última semana, pode trazer impactos negativos ou positivos, dependendo do perfil do negócio.

Marcelo Moauwad, diretor da Univinco (União dos Lojistas da Rua 25 de Março), afirma que a guerra é entre Estados Unidos e China, não com o Brasil, mas que a associação monitora a situação "com atenção".

Por enquanto, segundo a entidade, não há impacto nos preços. "A situação está sendo monitorada com atenção, mas o cenário atual ainda permite certa estabilidade nos valores", diz nota.

Segundo Moauwad, se houver excedente de produtos chineses enviados ao Brasil, por causa das sobretaxas impostas nos Estados Unidos, comerciantes locais podem até se beneficiar.

O empresário, que é proprietário da Seeman e da Coleciona, lojas de brinquedos e itens sazonais, diz sentir o sobe e desce da moeda norte-americana com mais facilidade por causa da especificidade do seu negócio.

"A gente teve um pico do dólar no final de 2024, o que vem se refletindo até hoje, mas o frete baixou. O ovo de Páscoa veio caro, para mim, está um pouco fora da realidade", diz.

"Já tivemos um frete de US$ 9.000 (cerca de R$ 52 mil), que baixou a US$ 900 (cerca de R$ 5.300). Esses movimentos impactam mais, especialmente quando há alta procura por determinado item."

No último sábado (12), às vésperas da Páscoa, vendedores do varejo estavam pessimistas. Segundo gerentes ouvidos pela reportagem, os preços elevados estão afetando as vendas. "É um dos movimentos mais fracos dos últimos anos", diz a gerente de uma loja na Galeria Lincoln's.

No comércio de capas de celulares, películas, fones e demais utilidades tecnológicas, o clima é de apreensão com o que ainda pode acontecer caso a guerra das tarifas demore para acabar, mas o dólar alto e a internet ainda são considerados os maiores vilões.

"Essa mudança ocorre mesmo por causa das lojas online. Eu acredito que as tarifas possam nos afetar ainda mais. Por enquanto, quem tem estoque não está sentindo", afirma ela.

O bacharel em direito e jornalista Paulo dos Santos, que trabalha há três anos na 25 anunciando produtos para uma loja de eletrônicos, disse que, por ser véspera de Páscoa, o movimento do sábado estava muito baixo.

Ele afirma que a queda nas vendas começou há cerca de um mês, mas acredita que pode piorar com a guerra comercial entre EUA e China. "Até durante a semana está bem devagar. É um pessimismo estranho, que tem a ver com juros altos, preços e comércio digital", afirma.

Para ele, o varejo deve demorar um pouco mais para sentir as tarifas impostas à China, mas o atacado já deve estar sendo afetado. "Ainda não conseguimos sentir os efeitos da guerra de tarifas no varejo, mas creio que o atacado já deve estar sentindo."

A consultora de vendas Eliete Medeiros, 39, afirma que os preços no local já foram mais atrativos. Ela visita a região a cada 15 dias para fazer compras.

Quando questionada sobre qual seria o motivo, responde rapidamente: "Alta do dólar". Ela diz, no entanto, que itens importados de maior qualidade já apresentam preços mais altos, e a culpa seria do tarifaço. "Eu venho com frequência porque monitoro os preços, e a guerra de tarifas já afetou. Pelo menos os itens que busco."

A aposentada e pensionista Elisa Nanci de Barros, 67, saiu de Mongaguá, no litoral paulista, para fazer compras em São Paulo. Ela está visitando centros comerciais da capital paulista há uma semana com sua filha e escolheu o sábado para ir à 25 de Março. Espantou-se com os preços.

"Não estou achando nada barato. Não tem nem qualidade nem preço. Não compensa mais vir aqui. As coisas estão mais em conta onde moro."

Nos Armarinhos Fernando, que têm três lojas na 25 e vendem apenas produtos produzidos no Brasil, o movimento era grande. Segundo comerciantes, o fato de não trabalhar com importados ajuda a empresa a manter preços mais baixos.

"O preço aqui sempre foi muito bom, compensa muito. Compro de tudo, material escolar, coisa para festa, artigos para casa e para cabelo. Por enquanto, não estou sentindo nenhuma diferença de preços dessas tarifas", afirma a berçarista Silvana Oliveira, 46, moradora da zona sul de São Paulo.

Enquanto trafega pelos corredores de uma das unidades, comemora o fato de seus produtos preferidos não ter sido afetados ainda pela guerra comercial, mas diz ser cética quanto a benefícios ao Brasil com o tarifaço, por se tratar de um mundo cada vez mais conectado.

"Acredito que pode chegar a nós, sim."

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