Dólar mantém queda e opera abaixo de R$ 3,80; Bolsa cai
Diário da Manhã
Publicado em 5 de novembro de 2015 às 00:50 | Atualizado há 9 anosSÃO PAULO – O dólar comercial se mantém em queda frente ao real nesta tarde, um dia depois de a presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ter afirmado que os juros nos EUA podem subir já em dezembro. Às 14h02m, a divisa americana estava sendo negociada a R$ 3,79 na venda, com desvalorização de 0,10%, seguindo. Na máxima do dia, a divisa foi negociada a R$ 3,817 e na mínima caiu a R$ 3,767. Analistas atribuem o recuo do dólar ao anúncio de dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) feitos pelo Banco Central após o fechamento do mercado ontem.
O “dollar index”, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de dez moedas, apresenta alta de 0,10%. Em relação a moeda de países emergentes, o dólar também recua frente à lira turca e o rand sulafricano.
– O dólar abriu o dia em alta, seguindo o mercado internacional. Depois, saíram novos números da economia americana mostrando que a produtividade da mão de obra subiu 1,6%, o que sinaliza recuperação da economia. Isso fez o dólar voltar a ganhar força lá fora. Mas por aqui, a moeda segue em queda por causa da atuação do BC – avalia Jefferson Luiz Rugik, da corretora Correparti.
Ontem, após o fechamento do mercado financeiro no Brasil, o Banco Central anunciou mais dois leilões de linha no valor de até US$ 500 milhões, além da rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro, com oferta de até 12.120 contratos, que equivalem a venda futura de dólares.
— Com o anúncio dos leilões, o BC sinalizou que não se sente confortável com um dólar acima de R$ 3,80. É isso que explica o recuo da moeda, um dia depois de a presidente do Fed sinalizar que os juros podem subir em dezembro nos EUA – avalia Rugik, da Correparti.
É a segunda vez que o BC faz leilões de linha nesta semana, mesmo após um mês de alguma tranquilidade no câmbio. Rugik observa que não é comum o BC fazer dois leilões de linha tão próximos, o que deixou o mercado com a luz amarela acesa.
– Como o mercado de câmbio está com poucos negócios, a oferta de US$ 500 milhões tem peso – diz Rugik.
No Brasil, investidores repercutem negativamente o adiamento da votação na Câmara dos Deputados do projeto que permite a regularização de capitais brasileiros no exterior, que, se aprovado, pode trazer entradas significativas de recursos ao país.
BOLSA ABRE EM ALTA, PETROBRAS CAI
Na Bolsa de Valores, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações brasileiro, também apresenta instabilidade. O indicador abriu o dia em alta, inverteu a tendência antes da primeira meia hora de negociações, e voltou a subir. Às 14h02m, o índice se desvalorizava 0,29% aos 47.574 pontos. Entre as chamadas ‘blue chips’ do pregão (as ações mais negociadas), os papéis da Petrobras começaram o dia em queda, inverteram a tendência, e voltaram a cair. No início desta tarde, as ações ordinárias (com direito a voto) perdiam 0,50% a R$ 9,84, enquanto os papéis preferenciais (sem direito a voto) recuavam 1,23% a R$ 7,98.
Ontem, o Ibovespa caiu pela primeira vez em três dias, sob pressão de Petrobras, que teve maior baixa em três semanas com queda do preço do petróleo. O recuo foi de -0,7%, atingindo 47.710 pontos. Hoje o preço do barril WTI está em leve alta.
A greve dos trabalhadores da petrolífera continua afetando a produção da companhia. Segundo nota divulgada pela Petrobras, nesta manhã, na terça-feira, conforme o previsto, houve queda de produção de 178 mil barris de petróleo — o equivalente a 8,5% da produção diária no Brasil.
“As ações implementadas pela Petrobras para mitigar os impactos do movimento grevista permitem estimar que ao final de quarta-feira a produção de petróleo no Brasil teve uma redução de 140 mil barris de petróleo, equivalente a 6,5% da produção diária anterior à greve”, diz a nota.
Para o gerente de mesa Bovespa da corretora H. Commcor, Ari Santos, a paralisação tem impacto negativo sobre as ações da companhia na Bovespa, já que a redução na produção impacta o caixa da petrolífera. Mesmo assim, ele avalia que ainda é cedo para saber quais serão os efeitos da greve.
— Não sabemos se a greve vai durar uma semana, um mês, dois meses. Quanto mais tempo o movimento se estender pior será o impacto no caixa da Petrobras — disse o analista.
Um número divulgado pelos analistas do HSBC estima que um mês de paralisação pode custar até US$ 315 milhões ao caixa da empresa.
As ações da mineradora Vale recuam nesta manhã, enquanto os papéis de banco se valorizam, evitando uma queda mais forte do índice.
A maior alta do pregão é apresentada pelos papéis ordinários da Eletrobras, que sobem 6,73% a R$ 5,87. A Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira (SFF), órgão da Aneel, definiu que pagará uma indenização de R$ 9 bi para sua controlada Furnas. O valor é relativo aos ativos não amortizados ou não depreciados da Rede Básica do Sistema Transmissão Existente (RBSE), existentes no ano 200. A data-base do cálculo é 31 de dezembro de 2012.
A maior baixa é apresentada pelos papéis ordinários da Vale com baixa de 4,08% a R$ 16,69. O preço do minério de ferro voltou a cair na China.