
O dólar apresenta alta nesta terça-feira (15), com investidores ainda atentos às políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O dia tem sido de aparente calmaria nos mercados globais, que aguardam novidades sobre as tarifas da maior economia do mundo.
Às 12h55, o dólar avançava 0,55%, a R$ 5,883 na venda. Já a Bolsa não tinha alteração e marcava 129.458 pontos.
O mercado segue com o tarifaço de Trump em foco. O governo republicano abriu investigações de segurança nacional sobre a importação de chips semicondutores e equipamentos de fabricação de semicondutores, bem como sobre produtos farmacêuticos, seus ingredientes e materiais derivados.
As medidas podem levar à cobrança de tarifas sobre os dois setores. É um objetivo de Trump, como ele próprio tem dito, e autoridades dos EUA comentaram no fim de semana que produtos eletroeletrônicos como celulares e computadores poderiam ser incluídos na investigação sobre chips.
De acordo com os registros publicados na segunda, as duas investigações foram iniciadas pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, em 1º de abril —um dia antes do apelidado "dia da libertação", quando Trump anunciou as agora pausadas tarifas recíprocas aos parceiros comerciais dos EUA.
Essas apurações, conhecidas como investigações da Seção 232, geralmente levam vários meses para serem concluídas e exigem um período de aviso público e comentários. O governo apontou que receberá sugestões por 21 dias.
Trump tem indicado que irá refinar a política tarifária dos EUA. Ainda na segunda, ele afirmou que estava "buscando algo para ajudar as montadoras" que estavam fabricando veículos na América do Norte.
"Eles estão mudando para peças que foram feitas no Canadá, México e outros lugares, e precisam de um pouco de tempo, porque vão fabricá-las aqui", disse.
Tarifas de 25% sobre importações de carros e peças foram impostas no mês passado —medida que deve elevar custos ao consumidor e desestabilizar cadeias de suprimentos automotivas globais.
Carros e peças fabricados no Canadá e no México enfrentam tarifas mais baixas, e as tarifas de 25% só incidem sobre o que não é feito nos EUA se as regras do acordo comercial USMCA de 2020 não forem cumpridas.
Além disso, na sexta-feira à noite, Trump anunciou a flexibilização do tarifaço a uma série de produtos eletrônicos, como smartphones e computadores.
O recuo isenta eletrônicos das tarifas de 145% sobre importações da China e de 10% sobre outros países, mas não configura como uma "exceção tarifária", segundo o presidente. São produtos que estão "apenas sendo realocados para uma categoria tarifária diferente", além de estarem sujeitos à taxa de 20% imposta à China em fevereiro como retaliação pela entrada da droga fentanil.
Lutnic ainda afirmou os produtos eletrônicos podem ser impactados por tarifas separadas em um mês, o que deu força à impressão de que as isenções são apenas temporárias.
Em meio a esse vai-e-vém, os agentes financeiros procuram clareza. "É de se esperar algum alívio diante dessas flexibilizações, mas é uma política que, de certo, ainda trará muitas surpresas", diz Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
O mercado tem entendido, agora, que há espaço para negociações no tarifaço. O entendimento traz algum alívio para parte das tensões que pressionaram os mercados nas últimas semanas, mas não as elimina por completo. O principal temor é que as tarifas afetem profundamente o comércio internacional pela diminuição de fluxos e encarecimento de produtos-chave nas cadeias de abastecimento. Isso poderia trazer um repique para a inflação global e levar algumas das principais economias do mundo, incluindo os Estados Unidos, a uma recessão.
A guerra tarifária com a China também inspira cautela. Os dois países têm estado em cabo de guerra desde 2 de abril. Inicialmente, Pequim seria taxado em 34%, além do piso básico de 10% para todas as importações que chegam aos EUA e de outras tarifas impostas ao país asiático ao longo dos últimos três meses.
Mas a China retaliou com tarifas da mesma magnitude, e Trump subiu a régua para 50%. Pequim não recuou e aumentou as taxas sobre os EUA para 84%, o que culminou em encargos de 145% por parte do governo norte-americano. O país asiático, então, aumentou a carga para 125% na sexta-feira.
O porta-voz do Ministério das Finanças chinês afirmou: "Diante do fato de que, no atual nível de tarifas, não há possibilidade de aceitação pelo mercado de produtos dos EUA exportados para a China, se o lado americano continuar a impor tarifas sobre produtos da China, o lado chinês vai ignorá-las".
Já a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump está otimista sobre a possibilidade de chegar a um acordo comercial com os chineses, em aceno a uma possível trégua.
"O presidente deixou bem claro que está aberto a um acordo com a China. Se a China continuar retaliando, isso não será bom para ela", disse.