Economia

Estrangeiros ‘invadem’ mercado imobiliário de Miami econdevido à instabilidade econômica

Redação DM

Publicado em 19 de janeiro de 2016 às 06:15 | Atualizado há 9 anos

MIAMI – Com problemas econômicos em casa, a classe mais alta dos brasileiros tem jorrado dinheiro no que eles acreditam que seja o lugar mais seguro para se investir: imóveis no sul da Flórida. Assim como eles, argentinos, colombianos, mexicanos, venezuelanos, franceses e turcos fazem o mesmo movimento — praticamente qualquer um com dinheiro para bancar uma casa, um vôo direto para Miami e uma economia instável a fugir.

Esse dinheiro ajudou a realizar a última reviravolta na constante evolução de Miami — que sempre se transforma: de um trilho do século XIX, para um centro de turistas e aposentados, para um refúgio de cubanos e, agora, a um porto para investidores globais. Nenhuma cidade americana teve mais investimento de dinheiro estrangeiro na última década e quase nenhum desenvolvedor espera que essa demanda diminua.

Apesar disso, os moradores de Miami dificilmente se beneficiam desse glamour: não apenas eles não lucram com o desenvolvimento da cidade, como seus próprios salários foram reduzidos no ano passado; o desemprego do local ultrapassa a média nacional. Além disso, Miami tem a maior parcela de locatários no país que dedicam mais de 30% de seu salário à moradia — nível considerado oneroso pelo governo dos EUA.

“Não vemos os benefícios desses investimentos sendo revertidos na economia local”, disse Ned Murray, diretor adjunto do Centro Metropolitano da Universidade Internacional da Flórida. “Isso afeta as empresas locais e nós estamos perdendo essa oportunidade para criar habitação para nossos trabalhadores, que estão tendo que se mudar”.

As belezas da cidade e seu fácil acesso fazem o mercado imobiliário de Miami valorizar cada vez mais, mesmo em um momento em que outros investimentos estão diminuindo. “A insegurança ao redor do mundo só lembra às pessoas como é importante ter bens nos Estados Unidos”, afirmou Alicia Cervera Lamadrid, uma desenvolvedora que está liderando os esforços de vendas de condomínios de luxo.

Ao todo, 126 prédios residenciais são planejados para construção no sul da Flórida. Um sinal da escala da riqueza do exterior é que a maioria das compras está sendo financiada com dinheiro vivo. No ano passado, estrangeiros gastaram US$ 6,1 bilhões no mercado imobiliário de Miami — o que equivale a 36% de todos o investimentos nessa área, segundo a Associação dos Corretores de Imóveis de Miami. Nacionalmente, os estrangeiros representam apenas 8% das vendas.

O centro de Miami está “começando a mudar, mas a questão é, para o benefício de quem?”, questionou Arden Shank, diretor executivo do Serviços de Habitação do Bairro do Sul da Florida. “Não ajuda as pessoas que vivem li há muito tempo”.

A taxa de desemprego das áreas de metrô é de 5,5%, maior do que os 5% nacionais. Enquanto o salário médio por hora caiu 0,4% no último ano, o salário médio nacional teve um aumento de mais de 2% nesse tempo. Além disso, o Censo de Bureau mostrou que 66% dos inquilinos de Miami sofrem com elevados encargos, em comparação com 52% de todo o país.

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