Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para presidir o Banco Central do Brasil, foi sabatinado e aprovado por unanimidade nesta terça-feira, 8, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, com 26 votos favoráveis. O economista assumirá o cargo em janeiro de 2025, sucedendo Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra em 31 de dezembro deste ano.
Atualmente diretor de Política Monetária do Banco Central, Galípolo, de 42 anos, possui uma sólida carreira no setor público e privado. Com graduação e mestrado em economia pela PUC-SP, ele foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda e presidente do Banco Fator. Sua experiência começou em 2007, no governo de José Serra, em São Paulo.
Durante a sabatina, Galípolo respondeu a uma série de questionamentos sobre a condução da política monetária e a autonomia do Banco Central. Ele afirmou que a instituição continuará a utilizar mecanismos como a remuneração das sobras de caixa dos bancos para regular a liquidez e controlar a inflação. "Esse é um instrumento essencial que todos os bancos centrais utilizam para equilibrar a taxa de juros e controlar as expectativas inflacionárias", explicou.
Galípolo também abordou o impacto de setores como o de apostas esportivas no consumo e no endividamento das famílias. Ele ressaltou que, embora o Banco Central não regule diretamente esse mercado, a instituição monitora os efeitos no sistema financeiro. "Os números sobre o endividamento são impressionantes, e isso exige um acompanhamento cuidadoso das instituições financeiras", disse ele.
Além disso, o economista destacou a importância de manter a autonomia do Banco Central para cumprir suas funções de maneira eficiente. “A estrutura institucional do Banco Central deve permitir que ele desempenhe plenamente suas funções, sem interferências externas”, declarou.
Sobre o papel do Banco Central em promover políticas sustentáveis, Galípolo afirmou que o Brasil tem uma oportunidade única de se firmar como líder global em sustentabilidade, graças à sua matriz energética limpa. "O custo de transição para uma economia mais verde seria menor aqui, o que pode evitar pressões inflacionárias no futuro", concluiu.
A nomeação de Galípolo ocorre em um momento de debates sobre a autonomia do Banco Central, conquistada pela Lei Complementar 179, de 2021. A aprovação unânime reflete a confiança no perfil técnico e na liderança de Galípolo para comandar a instituição nos próximos quatro anos.