Para BC, taxa de câmbio não foi afetada por suposto cartel
Diário da Manhã
Publicado em 28 de outubro de 2015 às 03:50 | Atualizado há 9 anosBRASÍLIA – O Banco Central reafirmou nesta quarta-feira que a atuação do cartel de bancos estrangeiros, investigado por manipular o valor da moeda brasileira, não afetou o câmbio no Brasil. De acordo com o diretor de política monetária do BC, Aldo Mendes, a interferência na taxa de câmbio oficial, a Ptax, é impossível. Já o Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) disse que investiga se houve influência.
— A investigação está em aberto. Vamos ver que indícios surgem. Estamos com a mente aberta, mas sabendo que a regulação da Ptax (a taxa de câmbio oficial) torna difícil a manipulação — disse o superintendente-geral do Cade do Eduardo Frade.
— Se pode ter afetado, para nós, é algo duvidoso, mas a gente sabe que isso é difícil.
Para Mendes, os impactos foram sentidos apenas na compra de Reais no exterior. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele detalhou como funciona o mercado de câmbio e a metodologia de apuração da cotação do dólar frente ao Real.
— Não vimos até o momento nenhum indício de manipulação da Ptax. Eu diria que é impossível a manipulação da Ptax — frisou Aldo Mendes.
No encontro, com apenas um parlamentar na plateia na maior parte do tempo, Frade detalhou que a maioria dos indícios que o Cade tem é de negociações fora do país. As autoridades tiveram acesso às conversas de operadores de instituições financeiras que combinavam não apenas a taxa que seria cobrada dos clientes, mas ainda dividiam potenciais compradores com propostas que continham cotações falsas da moeda brasileira.
Estão sob investigação, segundo o Cade, os bancos Standard de Investimentos, Tokyo-Mitsubishi, Barclays, Citigroup, Credit Suisse, Deutsche Bank, HSBC, JP Morgan, Merril Lynch, Morgan Stanley, Noruma, Royal Bank of Scotland (RBS), Royal Bank of Canada, Standard Chartered e UBS.
— Acredito eu que em dois anos possamos mandar esse caso para o tribunal do Cade — disse Frade ao justificar que a atual fase de notificação é mais lenta porque tem de ser feita no exterior.