Economia

Recessão no Brasil será mais profunda e longa do que se esperava, diz Fitch

Diário da Manhã

Publicado em 15 de outubro de 2015 às 22:05 | Atualizado há 10 anos

SÃO PAULO – O Brasil terá uma recessão mais profunda e longa do que se esperava de acordo com Shelly Shetty, chefe de ratings soberanos para a América Latina da agência de classificação de risco Fitch. A afirmação foi feita durante teleconferência para explicar as razões que levaram a agência a rebaixar a nota de crédito do Brasil de BBB para BBB-, último degrau antes de perder o chamado “grau de investimento”, selo de bom pagador. Segundo ela, a economia brasileira vai se retrair 3% este ano e mais 1% em 2016.

– Nossa previsão é de uma retração de 3% para a economia este ano e mais 1% em 2016, com alguma recuperação em 2017. Neste momento é razoável ser cauteloso em relação ao Brasil. O desempenho econômico piorou muito desde abril – disse Shetty, observando que naquele mês a agência colocou o viès negativo para o país, ainda mantendo a nota BBB.

Segundo ela, o momento econõmico é difícil, com maior endividamento público e incerteza política.

Ela acredita que o país terá dificuldades para alcançar as metas fiscais este ano e em 2016. Shetty não citou números, mas a Fitch vem trabalhando com a expectativa de um déficit fiscal de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Segundo ela, as contas do país só começam a se reequilibrar em 2016 e o superávit só aconteceria em 2017. A meta do governo para este ano é de um superávit primário de 0,15% do PIB, embora o mercado já admita a possibilidade de uma revisão deste número, diante da queda de arrecadação do governo.

A analista da Fitch explicou que a deterioração da economia brasileira, num ritmo mais forte do que se esperava, a crise política e as dificuldades do governo de aprovar medidas de seu interesse no Congresso pesaram na decisão de rebaixamento da nota brasileira. Também entrou nesta conta a possibilidade de um impeachment da presidente Dilma Rousseff, embora a agência não considere este cenário base, além das investigações de desvios de recursos da Petrobras.

O rebaixamento da nota brasileira para BBB- colocou o país ao lado de países como a Rússia, Turquia e Indonésia. Entre eles, apenas o Brasil e a Rússia apresentam perspectiva negativa, o que significa que a avaliação da agência pode mudar em menos de dois anos.

Como ponto positivo do país, Shetty citou o elevado nível das reservas internacionais (cerca de US$ 370 bilhões), a diversificada economia do país e o grande mercado interno.

Perguntada sobre uma possível saída do ministro da Fazenda Joaquim Levy, Shelly Shetty disse que se isso acontecer a agência vai reavaliar a política econômica que o país adotará. Ela disse que Levy tem credibilidade já que iniciou o processo de ajuste fiscal do Brasil.

– Se esse cenário de saída do ministro Levy se confirmar, então vamos observar qual seria o novo ambiente de políticas, qual orientação seriaseguida – disse ela.

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