Com a chegada do coronavírus em 2020, as escolas tiveram que ser fechadas, e de acordo com a ONU, cerca de 1 bilhão de crianças do mundo inteiro correm o risco da perda de aprendizagem, e que já são chamados como " a geração perdida".
Em muitos países o sistema educacional está quase entrando em colapso, se caso outros fatores como mudanças climáticas e conflitos internos forem adicionados, além da pandemia.
De acordo com a jornalista da BBC Divya Arya, as crianças de várias regiões da Índia "se esqueceram de como ler e escrever" pois não poderiam ir a escola no ano de 2020.
Arya conta que uma menina de 10 anos, chamada Radhika Kumari, que simplesmente esqueceu como que escreve porque "passou 17 meses" fora da sala de aula.
Assim como Radhika, muitas crianças de escolas públicas não tiveram acesso a dispositivos que lhes permitissem continuar os estudos no modelo remoto.
"Foi realmente chocante descobrir que, de 36 crianças matriculadas em um único curso do Ensino Fundamental, 30 não sabiam ler uma única palavra", diz o economista Jean Dreze, que analisa a situação nesta região da Índia.
Na América Latina, cerca de 86 milhões de crianças ainda não voltaram com os estudos, é acaba colocando em risco o progresso de aprendizado e os níveis de conhecimento previamente adquiridos.
"Nos últimos 18 meses, a maioria das crianças e adolescentes da América Latina e do Caribe não viu seus professores ou amigos fora de uma tela. Quem não tem internet não os viu diretamente", explica Jean Gough, diretor-regional da Unicef para a América Latina e o Caribe.
A realidade é ainda complicada para as famílias mais vulneráveis, para os quais a evasão escolar era um problema antes da pandemia.
"Cada dia fora da sala de aula aproxima as crianças e adolescentes mais vulneráveis da evasão escolar, da violência de gangues, do abuso ou do tráfico de pessoas", acrescenta.
A BBC News Mundo, que é um serviço de notícias em espanhol da BBC, conversou com algumas crianças da América Latina que foram afetadas pela falta de conectividade e baixa frequência escolar durante a pandemia do CoronaVírus.
Richard Guimarães de 15 anos, mora em San Rafael, que é uma comunidade indígena localizada a duas horas e meia da cidade de Pucallpa, na Amazônia Peruana.
Ele conta que " nesse último ano e meio não aprendeu nada", e que seu sonho e se tornar um design gráfico.
"Meus pais fazem artesanato e eu aprendi a tecer e a fazer várias coisas que vendemos no mercado", conta Richard à BBC News Mundo. "E quero aprender a fazer isso melhor".
Para os especialistas em psicopedagogia e processos educacionais, as crianças precisam urgente retornar à sala de aula, é que as famílias de menor nível sociocultural são as que mais sofrem.
"É uma catástrofe. Vai demorar muito para superarmos isso", afirma Guillermina Tiramonti, especialista em educação e pesquisadora da Flacso Argentina, à BBC News Mundo.
"A perda de conhecimento não é só não ter aprendido determinados conteúdos, mas sim o fato de perder o ritmo, o hábito, a rotina escolar", ressalta.
A reabertura de escolas se tornou uma prioridade para muitos governos, e que até o momento, o relatório feito pela ONU diz que 47 milhões de crianças voltaram gradativamente para a sala de aula.
E a próxima etapa também destaca o grande desafio de atualizar as crianças com os objetivos que deveriam ter aprendido neste um ano e meio.
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