Obra de Ruth Rocha foi uma das apontadas pelos educadores.
Nada melhor que ocupar a mente fértil das crianças com muita literatura infantil. Especialistas apontam que a leitura, além de estimular a criatividade, também ajuda no desenvolvimento cognitivo e motor dos pequenos. Através dela, eles entram em contato com o mundo da fantasia e dos sonhos possíveis e, muitos títulos, dão aquela força na educação.
Neste Dia Nacional do Livro Infantil, o Diário da Manhã, conversou com pedagogos, que indicam, livros engrandecedores para os pequenos de variadas idades. A lista vai de clássicos como “Meu Pé de Laranja Lima”, a obras que ajudam no desfralde.
Clássicos
Entre os livros apontados pela pedagoga Juliane Maranhão, está o conhecido “Marcelo Marmelo Martelo”, de Ruth Rocha, que traz três contos. Os personagens são crianças, que lidam com seus problemas com esperteza e criatividade: Marcelo - que intitula a obra - cria palavras novas; já em “Teresinha e Gabriela”, duas meninas se identificam apesar das diferenças.
No último conto, ‘O Dono da Bola”, o personagem Caloca acaba compreendendo a importância da amizade. “‘Marcelo Marmelo Martelo’ é um livro maravilhoso e encantador que envolve a criança no mundo da literatura com a valorização da amizade e resoluções de problemas”, explica a pedagoga.
Outro livro que indica é “O Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcelos. “Este foi o primeiro livro que li e marcou a minha infância. Ele relata a importância da imaginação da criança e como ela utiliza isso para conseguir sobreviver em meios a tantos problemas dos adulto”, analisa.
Já “Histórias de Nastácia", de Monteiro Lobato, é a indicação da pedagoga Bruna Roberta para crianças na faixa etária de 9 a 10 anos. O livro reúne várias histórias do folclore que são narradas por tia Nastácia para as crianças do Sítio.
Ela explica que a leitura da história proporciona às crianças o contato com contos do folclore brasileiro muitas vezes desconhecidos. “A forma com que as crianças do sítio, Emília, Narizinho e Pedrinho, vão interagindo com as histórias, comentando-as, torna a leitura mais atrativa. Além de que, a narração valoriza a sabedoria popular, que faz parte da nossa cultura, e o ouvir aos mais velhos e suas histórias, que hoje é algo muito desvalorizado”, ressalta.
Didáticos
Entre os livros que ensinam lições para a criançada, a psicopedagoga, Carolina Monteiro indica as obras da Coleção “Meus Valores” que traz títulos como: “Vamos Ser Organizados”, “”Vamos ser Gentis” e “Vamos Tentar”. “A coleção ensina os valores às crianças. Usamos bastante na educação infantil e no início da leitura”, explica.
Da mesma linha, mas de autores estrangeiros, a Carolina Monteiro recomenda a obra de Guido Van Genechten, que é ideal para a fase do desfralde: “O Que Tem Dentro da sua Fralda”. "Também ressalto o livro ‘Eu Sou Assim’, excelente para mostrar que somos diferentes e para que a criança aprenda, desde pequena, que não somos todos iguais. Assim, diminuem os casos de bullying", comenta a pedagoga, sobre a obra de Heinz Janisch.
Bruna Roberto também aponta a obra de Eva Furnari, "Você Troca" para crianças em fase de alfabetização. “As trocas, entre elementos cujos nomes rimam, permitem que o leitor interaja com a história, até mesmo busque outras rimas, que é um recurso valioso quando as crianças estão em processo de aquisição da linguagem e leitura”.
De casa
Publicações goianas também apareceram na listagem dos pedagogos ouvidos pelo DM. Juliane indica o livro “Sou Criança, Mas Quero Ser Independente", escrito por Patrícia Miguel. “É um livro que mostra a importância da criança adquirir independência em situações do dia a dia e como esse estímulo ajuda em seu desenvolvimento integral”, explica.
A pedagoga Dorcelina Militão, também indica uma obra goiana. Trata-se de “Deu Queimada no Cerrado”, de Diane Valdez. “Ele fala da temática do cerrado e da cooperação entre as equipes. A ilustração é maravilhosa que chama atenção da meninada”, afirma
O polêmico Pai da Literatura Infantil
Entre os clássicos da literatura infantil, é impossível não lembrar da obra de Monteiro Lobato. O próprio Dia Nacional do Livro Infantil é celebrado neste 18 de abril, porque é a data de seu aniversário. Porém, é fato que a obra do escritor não tem envelhecido bem.
Por trechos de sua obra mais conhecida, “Sítio do Pica Pau Amarelo”, coleção que contém cerca de 25 livros de histórias, entre 1920 e 1947, o tratamento em sua obra aos personagens negros tem sido questionado.
Um exemplo aparece no livro “Caçadas de Pedrinho”, de 1933, que traz expressões de cunho racistas, ao se referir à personagem Tia Nastácia, cozinheira negra da casa do Sítio do Pica Pau, como “macaca de carvão”.
Após denúncia, o Ministério da Educação (MEC) recomendou a permanência do livro no Programa Nacional Biblioteca da Escola, com a seguinte advertência: só deve ser utilizada no contexto da educação escolar, quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil.
Algumas de suas obras foram lançadas editadas, o que foi motivo de discórdia: Na época, Sérgio Camargo, era presidente da Fundação Palmares, chamou a mudança de "mutilação".
Outra polêmica que ronda o escritor aconteceu aqui em Goiás. Ao visitar a nova capital, ele fez o famoso verso: “Goiânia, cidade linda,/Que nos encanta e seduz/De dia não tem água,/De noite não tem luz”.