Cortes e bloqueios de verbas efetuados pelo Governo Federal sobre as universidades e instititos federais de Goiás têm gerado impacto negativo nas instituições que, atualmente, calculam prejuízos de mais de R$ 17 milhões. Em 2022, foi cortado de 5,8% a 7,2% dos orçamentos destas instituições.
O funcionamento das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) tiveram seu funcionamento comprometido, como o impedimento de licitações, emprenho e contratação interrompidos. Segundo as IFES, não há dinheiro para a manutenção dos edifícios, pagamento de energia elétrica e água.
Ainda de acordo com as IFES, desde 2016 há reduções sucessivas de recursos destinados à manutenção de prédios de laboratórios , contrato de prestações de serviço, além do impacto negativo que isto causa no desenolvimento das atividades de ensino, pesquisa, extensão e inovação.
Dada a gravidade da situação, os reitores das IFES de Goiás se reuniram para mostrar à sociedade o momento delicado pelo qual a sociedade acadêmida tem passado.
A reitora da Universidade Federal de Catalão (UFCAT), Roselma Lucchese, afirma que eles precisam "escolher o que irão pagar", e priorizam alunos em vulnerabilidade social e que dependem da Casa do Estudante Universitário e Restaurante Universitário para morar e se alimentar.
De acordo com a reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Angelita Pereira de Lima, o orçamento implica direto na manutenção dos prédios, o que é cobrado pelos órgãos de contreole, porém "não há recursos para esta manutenção".
"O auditório da Faculdade de Direito está interditado pelo Corpo de Bombeiros por falta de condições de receber pessoas. O auditório mais tradicional da UFG, este da Faculdade de Direito e da Faculdade de Educação também estão interditados. Nós temos um quarto do prédio do Instituto de Física parado, em reforma, faltando recursos apra comprar fios para a rede lógica e elétrica onde há os laboratórios sofisticados de tecnologia, e nós não temos recursos para terminar essa reforma", afirma.
O Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), segundo a reitora, é insuficiente para garantir toda a assistência estudantil.
"Nós priorizamos a parte de bolsas e alimentação. O impacto do corte na assistência estudantil nos limita a ampliar e atender a nossa demanda. Como nós já tínhamos empenhado esse recurso, o corte na UFG não tem um impacto direto na verba do PNAES, mas nós podemos dizer que a verba é, sim, insuficiente", reitera.
Com a chegada do fim do ano e as atividades comprometidas, Angelita diz que as reitorias estão "no limite do tempo".
"Ainda contamos com a sensibilização do Congresso Nacional e do Ministério da Economia no sentido de devolver o teto orçamentário às universidades e também no sentido do orçamento do ano que vem, que seja recomposto de acordo com as necessidades das demandas das universidades", contempla.
Sobre os programas de pesquisa e extensão, além de bolsas estudantis, a reitora do Instituto Federal de Goiás (IFG), Oneida Cristina Gomes Barcelos Irigon, afirma que precisa ser visto como será finalizado o ano e em detrimento de qual corte algo é feito para manter o "equilíbrio" na instituição.
"A gente rezudiu o número de bolsas até do próprio planejamento no início do ano, já que o orçamento precisa de uma recomposição, então antes do corte e do bloqueio a gente já vinha com essa dificuldade. Nós temos que optar pelas pessoas em detrimento de outras várias ações, então tentando minimizar aquilo que era mais caro a todos nós, que é a questão da fome, da moradia, do acesso à instituição, ter um auxílio transporte. Nesse sentido muitas bolsas foram reduzidas", ressalta.
O reitor da Universidade Federal de Jataí, Américo Nunes da Silveira Neto, explica todo fim de ano há um processo da possibilidade de recomposição de recursos, que precisa passar por um projeto de lei no Congresso.
"Por isso nós precisamos sensibilizar o nosso Congresso, para quando for novembro, que é o período de retorno em que já há o calendário da Lei Orçamentária Anual de 2023, e o fechamento orçamentário de 2022. Então precismos esclarecer, mostrar, atentar a comunidade para depois atuar em novembro, pedindo aos congressitas que vejam uma maneira de entrar com um Projeto de Lei, recompondo o nosso orçamento, e o que poderia ser feito para não passarmos por essa situação em 2023", afirma.
Angelita comenta sobre o clima dentro das universidades, que tem sido demonstrado por meio de união entre os gestores e suas cobranças em relação a como atender as demanas.
"Nas salas de aula, os noss gestores de unidades acadêmicas têm reclamado muito, pois agora começam as chuvas, então vamos começar a receber reclamações por conta dos telhados, pois os prédios são antigos. É uma situação difícil porque temos que apresentar com as condições que nós temos. Há equipes técnicas que podem atender às demanas de menos complexidade, mas as de maior complexidade que precisa de dinheiro, temos que adiar, e com isso expectativas são adiadas. Porém não podemos adiar a graduação de um estudante, que tem expectativas de ter um bom laboratório, um prédio bacana, uma boa aula de campo", desabafa.