Uma retrospectiva de fim de ano, aparentemente, só revira os fatos que acabaram de acontecer. Por isso, pode parecer uma simples reprise de um filme que acabou de ser executado. Na verdade, olhar para trás pode mostrar muito para qualquer pessoa. A rotina frenética do dia a dia não nos permite ficar totalmente atentos ao que acontece no mundo Isso se complica quando adicionamos a quantidade absurda de informação que recebemos e com mais e mais frequência. É inevitável não estar por fora hoje em dia. Desta forma, qualquer pesquisa dentro deste ano, ou do ano anterior a este, pode nos mostrar novidades inéditas. Um exemplo interessante foi a descoberta neste ano de um fóssil, perfeitamente preservado, encontrado no Cazaquistão, da espécie Elasmotherium sibiricum, também conhecida como unicórnio siberiano.
Isso mesmo. Através da técnica de datação de radiocarbono foi possível constatar que o animal habitou a terra há cerca de 350 mil anos, mas a espécie resistiu até 29 mil anos. Porém, um fato pode ser desapontador nesta história. De acordo com as informações do pesquisador Andrey Shpanski, da Universidade Estadual de Tomsk, na Rússia, o animal é um mamífero muito mais parecido com um rinoceronte do que com um cavalo, como ilustram os livros infantis. Os animais podiam chegar a 2 metros de altura e 4,5 metros de comprimento e pesavam cerca de 4 toneladas. Os cientistas agora tentam descobrir como a espécie sobreviveu tanto tempo. O pesquisador Andrey Shpanski acredita que o local onde foi encontrado o fóssil seja uma espécie de refúgio para a espécie.
Outra descoberta muito importante feita em 2017 envolve um grupo de especialistas da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, e o dragão-de-komodo. Eles descobriram que o sangue do animal possui uma série de substâncias que podem ser utilizadas como antibióticos. A espécie de lagarto (a maior do mundo) se alimenta regularmente de carniça, mas raramente ficam doentes porque possuem proteínas chamadas peptídeos antimicrobiana, que defendem de infecções multifacetada. Até essa descoberta os pesquisadores acreditavam que o sangue do dragão-de-komodo era tóxico. Segundo o bioquímico Barney Bishop, esses peptídeos podem ser utilizados para combater infecções variadas, como por exemplo estafilococos, infecções no ouvido e por queimaduras, dermatites, fibrose cística e até pneumonia. Agora eles tentam sintetizar esses peptídeos em drogas.
NOVIDADES ESPACIAIS
Em 2017 muitas novidades em relação à vida fora da terra marcaram os noticiários ao redor do mundo. A principal destas foi anunciada no dia 19 de junho pela Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa). Durante uma coletiva de imprensa na Califórinia a agência anunciou a descoberta de 10 planetas semelhantes à Terra. O documento tem como base as informações colhidas pelo telescópio espacial Kepler. O relatório traz 219 “potenciais” planetas, incluindo os 10 com características bem similares da Terra.
As semelhanças vão desde o tamanho das superfícies até a maneira como estes orbitam ao redor de suas estrelas. Em alguns, é possível a presença de água e solo rochoso. O documento inclui na lista mais 10 novos exoplanetas, totalizando 50 planetas que teriam condições semelhantes ao modelo terrestre.
Recentemente, o governo dos Estados Unidos da América divulgou outra informação que movimentou os comentários sobre astronomia. Entre 2007 e 2012, o país teria gasto anualmente 22 milhões de dólares (72 milhões de reais) em um programa secreto para investigar objetos voadores não identificados (óvnis), de acordo com investigação divulgado no jornal americano The New York Times.
As autoridades oficiais nunca informaram sobre a existência do Programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais, mas após as revelações feitas pela equipe jornalística do The New York Times o Pentágono resolveu confirmar sua existência. O projeto foi impulsionado pelo ex-senador democrata Harry Reid e acabou perdendo o financiamento do Departamento de Defesa em 2012, apesar disso as investigações ainda continuam em andamento. A reportagem mostra o escritório escuro no quinto andar do Pentágono onde o especialista em inteligência militar Luis Elizondo e sua equipe analisam vídeos, documentos e materiais. Em um desses vídeos, por exemplo, um objeto viaja contra ventos de mais de 200 quilômetros por hora. Os funcionários dessa repartição também era responsáveis por entrevistar pessoas que garantiam ter tido encontros físicos com ovnis.
MEIO AMBIENTE
Mesmo com avanços científicos e culturais em alguns setores, o ano de 2017 foi difícil, principalmente quando relacionamos os fatos ao cenário político atual. Este ano foi cruel, principalmente, para as Unidades de Conservação brasileiras (reservas naturais). Durante o ano, projetos de leis e medidas provisórias ameaçaram a preservação dessas áreas. As Medidas Provisórias 756 e 758, do Governo Federal, enviadas ao Congresso Nacional em maio deste ano, propuseram a redução de mais de 1 milhão de hectares da área de UCs no Pará, na Amazônia, e de outras regiões do Brasil, como também Santa Catarina. As medidas não foram para frente, graças a pressão nacional e internacional o presidente Michel Temer resolveu vetar a redução.
Outra tentativa de mudança na legislação foi o andamento do Projeto de Decreto Legislativo 427, do ano de 2016. O projeto busca sustar efeitos legais da lista de animais em extinção, mais especificamente os de “listas vermelhas”, que representam animais essenciais para garantir a fauna, flora e micro-organismos nativos. “Entre tantas tentativas de prejudicar a nossa biodiversidade por meio de propostas de mudanças na legislação, a possibilidade de se sustar os efeitos legais da lista de animais em extinção se mostrou assustadora e incompreensível”, destaca o biólogo Fabiano Melo, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.
O cenário internacional também não foi animador em 2017. A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, demonstrou que o presidente Donald Trump não parecer estar preocupado quando o assunto é combater as mudanças climáticas. A decisão coloca o mundo em um ritmo mais lento sobre negociações climáticas. Porém, por outro lado, lideranças importantes começam a dar atenção ao tema, como é o caso do presidente da França, Emmanuel Macron, que convocou uma Comissão em Paris para debater a agenda climática.
Também tivemos boas notícias quanto a preservação do meio ambiente em 2017. Mesmo com reduções e tentativas de acabar com essas áreas, foram aprovadas as propostas de ampliação da área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, da Estação Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul, da Reserva Biológica União, no Rio de Janeiro, e do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, no Pará. Porém, ambientalistas estão otimista para o ano de 2018. O ano de eleição deve trazer assuntos sobre meio ambiente e preservação ambiental para o debate público. Um dos riscos que os ambientalistas apontam são para medidas do Governo Federal que vão na contramão da conservação da natureza e ainda sim acabam avançando nos órgãos públicos. “Considerando a mudança climática e o futuro cada vez mais difícil relacionado a esse tema, nós precisamos falar e agir sobre isso, acreditar nas propostas, participar de maneira positiva, de forma a melhorar a posição do Brasil e das políticas públicas voltadas a biodiversidade”, diz o biólogo Fabiano Melo .