Dois nomes da dança contemporânea nacional desenvolvem nesta semana em Goiânia propostas diferentes e instigantes na Capital. Um deles é o do coreógrafo Henrique Amoedo, que inicia aqui o projeto de dança inclusiva “Dançando com a Diferença: Arte, Inclusão e Comunidade”. O outro é Diogo Granato, que, além de se apresentar no Centro Cultural UFG hoje, ainda vai ministrar workshop de dança acrobática, parkour e improviso cênico, além de jams em projeto da Casa Corpo e do Coletivo Plano P.
Henrique Amoedo é uma referência em quando se fala em dança inclusiva. Aliás, foi ele o próprio criador deste termo. Sua história junto a projetos de formação e criação artística nesta área começou há 20 anos, no Rio Grande do Norte, quando coordenou o Projeto de Dança para Pessoas Portadoras de Deficiência do Departamento de Artes da UFRN, juntamente com Edson Claro, que deu origem ao respeitado Roda Viva Cia. de Dança.
No Roda Viva Amoedo ficou até 1998 e, após o sucesso do grupo, o coreógrafo recebeu um convite da Direção Regional de Educação Especial e Reabilitação (Dreer) da Ilha de Madeira em Portugal, para fazer workshops e cursos, sempre relacionados ao tema dança e deficiência e, após um ano surgiu o Grupo Dançando com a Diferença (GDD), que até hoje faz parte. O projeto esteve vinculado a Dreer até 2007 e desde então foi criada a Associação dos Amigos da Arte inclusiva – Dançando com a diferença (AAAIDD), que gere a proposta e o grupo artístico.
Em Goiânia, Henrique Amoedo estará de hoje até o próximo domingo (28) para inciar o “Dançando com a Diferença: Arte, Inclusão e Comunidade”, que vai acontecer no CCUFG, sempre das 14h30 às 18h30. O foco da proposta é possibilitar vivência de pessoas com deficiência de Goiânia, além de alunos e professores de instituições e escola que atuam com esse público, com o mundo livre da dança. E o projeto não acaba após o fim deste encontro e sim, apenas começa.
Pois a ideia é que esta atividade se realize em três etapas e, como meta final, terá remontagem do espetáculo “Endless”, montada pelo GDD de Portugal. Nestes primeiros cinco dias de encontro será selecionada a equipe multidisciplinar de formadores locais para fazer parte deste trabalho. No segundo momento acontecerão workshops, vivências, debates e ensaios, assessoradas pelo grupo português, que levarão em conta os elementos e recursos de acessibilidade inseridos na proposta estética da obra. Por fim, a terceira etapa consiste na estreia do espetáculo que está previsto para estrear em junho – e, prevista para acontecer junto com a segunda do projeto – contará com a presença de integrantes do GDD.
DANÇA ACROBÁTICA
O outro nome que traz a Goiânia novas possibilidades de usar o corpo é o paulista Diogo Granato. Dono de um currículo de peso, ele é criador e intérprete de solos de Dança-Teatro como “Aretha”, que o rendeu melhor intérprete de 2006, pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Outro sucesso que estrelou foi “Seis Sentidos?”, que encerrou o “Intransit Festival” em Berlim. É também intérprete-criador da premiada Cia Nova Dança 4 há 15 anos.
Um pouco de sua jornada inquieta no mundo da dança ele irá compartilhar em diversas atividades na Capital. Para começar, o intérprete e criador – que invoca linguagens desafiantes para dança, como parkour, clown e improviso – é o convidado de hoje do Projeto 4ª Tem Dança, que levará ao CCUFG todas as quartas-feiras, até o dia 9 de maio, espetáculos de dança.
Sendo assim, às 20h ele apresenta o espetáculo “Pessoal e Intransferível”, uma versão solo do trabalho criado com o grupo de improviso cênico Silenciosas. A montagem é um trabalho totalmente improvisado em que o intérprete criador mistura dança, teatro, dança-acrobática e parkour. Em cena não há regras e o trabalho é criado em frente ao público. A iluminação também é improvisada, com criação e operação de Marcelo Esteves, parceiro de Granato há 15 anos, e a trilha sonora é escolhida na hora.
FORMAÇÃO
Já no próximo domingo (28) Granato foi também convocado pelo Coletivo Plano P para realizar o Workshop Contato improvisação, no projeto 3#Plural, que terá duração de seis meses, em que acontecerão cursos e apresentações abertos à comunidade.
“Quero trabalhar Improviso Cênico, parkour, dança acrobática, misturar muita informação, desconstruir, reconstruir. Quero dificultar e complexificar tudo que eu puder. Como diria Tom Zé: explicando pra confundir e confundindo para esclarecer”, provoca Diogo.
O workshop é uma parceria com a Casa Corpo, e faz parte da suas ações comemorativas pelos seus quatro anos de atividades. Para tal celebração, o espaço chega com atividades que prometem muita dança em encontros focados no improviso de contato.
“Vamos realizar um final de semana dedicado à técnica do contato improvisação, vai ser uma versão reduzida do projeto ReToque que se realizou na casa nossa em julho do último ano. É a nossa maneira de celebrar esse novo ciclo e nutrir com encontro nossa alegre saudade dos movimentos gerados no ano passado”, disse a Casa Corpo, na página do evento comemorativo no Facebook.
E dentro desta programação de aniversário da Casa Corpo, Granato ministra ainda uma aula, que será seguida de Jam de Contato e Improvisação com música ao vivo, que acontece no sábado (27), na Casa Corpo.
Além disso, a celebração vai contar com o curso do coreógrafo italiano Camillo Vacalebre, que embora ensine Dança e Contato Improvisação em instituições acadêmicas, centros independentes e festivais em diversos locais do mundo, ele reside no Brasil, mais especificamente em Brasília, há 20 anos. Veja a programação completa:
PROGRAMAÇÃO DOS QUATRO ANOS DA CASA CORPO
SÁBADO (27)
Local: CasAcorpO
9h30 – 12h30: Aula com Camillo Vacalebre (Itália – DF)
15h30 – 18h30: Aula com Diogo Granato (SP)
19h30 – 22h30: JAM de Contato Improvisação com música ao vivo
DOMINGO (28)
Local: CasAcorpO
9h30 – 12h30: Aula com Camillo Vacalebre (Itália – DF)
15:30 – 18h30: Aula com Diogo Granato (SP)
Local: Praça Cora Coralina– Coletivo Centopeia (Av. Cora Coralina St. Sul, entre as ruas Olinto Manso Pereira e 84 A)
20h: Work in Progress com PlanoP e Diogo Granato (Atividade integra o projeto #plural de manutenção do Coletivo PlanoP)
21h: Pequena JAM em espaço público