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“Parabéns, senhor presidente”

O vestido mais caro do mundo – em novem­bro de 2016, o figuri­no usado pela atriz Marilyn Monroe na cerimônia de co­memoração de 45 anos do então presidente dos Esta­dos Unidos, John F. Kennedy, foi vendido por 4,8 milhões de dólares (mais de 15 mi­lhões de reais). Na cerimô­nia, Marilyn cantou Happy Birthday To You, com algu­mas alterações escritas pela própria, em homenagem ao presidente. O episódio ainda hoje é lembrado como a mais icônica apresentação desta música na história do país. O vestido usado por Marilyn, desenhado pelo estilista Jean Louis, era tão justo que teve que ser costurado um dia an­tes da cerimônia, em volta do próprio corpo da atriz. Ma­rilyn morreu três meses de­pois da cerimônia, e Kenne­dy no ano seguinte.

Dia 19 de maio de 1962 foi a data escolhida para o even­to de comemoração, 10 dias antes da data real do aniver­sário do presidente. Quem conta a história é Magda Ori­gjanska, colaboradora do site The Vintage News. De acordo com ela, Marilyn foi convi­dada pelo próprio presiden­te, que precisava arrecadar fundos depois de um défi­cit devido à sua campanha. “A celebração foi um evento de obtenção de fundos, com participação de mais de 15 mil pagantes. O objetivo era cobrir o déficit deixado ao Comitê Nacional Democra­ta devido à campanha pre­sidencial de 1960”, conta. “O presidente Kennedy pediu pessoalmente a Marilyn para aparecer, enquanto ambos participavam de um evento na casa do cantor Bing Cros­by, em março de 62”.

O VESTIDO

A peça foi exclusivamente desenhado para a atriz pelo designer francês Jean Lou­is. “O estilista, radicado nos Estados Unidos, era consi­derado um dos mais talen­tosos da época. Já havia fei­to peças para a duquesa de Windsor e para celebrida­des de Hollywood como Rita Hayworth – criando o figuri­no que ela usou no filme Gil­da”. O vestido, que possui uma cor parecida com o tom de pele de Marilyn, possui mais de 2.500 cristais costu­rados à mão, bem como 6.000 strass brilhantes. “Era tão justo que o próprio corpo de Monroe foi usado como mol­de para a costura do vestido um dia antes da celebração. Além disso, a atriz escolheu não usar absolutamente nada debaixo da roupa para garan­tir um ajuste perfeito”, conta Magda Origjanska.

Levemente transparente, o vestido causava a impressão de que a atriz estava nua. Na época com 36 anos, a inten­ção de Marilyn era atualizar seu status de símbolo sexu­al, além de reafirmar sua po­sição no cenário político nor­te-americano. “Ela era uma apoiadora de Kennedy e de outros membros do Partido Democrata. Sua decisão de usar esse tipo de vestido tam­bém partia da vontade de for­talecer seu status de símbolo sexual, pois no momento ela se sentia insegura com essa questão”. No dia do evento, Marilyn foi anunciada pelo ator britânico (e cunhado de Kennedy) Peter Lawford, que a anunciou várias vezes du­rante a noite até que ela fi­nalmente aparecesse. Uma espécie de teatro baseado na reputação da atriz, que nem sempre era pontual.

O impacto midiático da ce­rimônia foi tão amplo, princi­palmente depois da morte de Monroe, menos de três meses depois, que até hoje pauta a imprensa mundial. “Sua in­terpretação bastante íntima e pausada da canção, combi­nada com a ausência de Jac­queline Kennedy, fez crescer rumores de que existia uma relação extraconjugal entre Monroe e o presidente”, afir­ma Magda Origjanska. Assim que terminou a apresentação de Monroe, Kennedy foi ao palco, já sem a atriz, e fez um pronunciamento bem humo­rado a respeito da performan­ce. “Agora já posso me retirar da política, após ter sido pre­senteado com um Happy Bir­thday cantado para mim de forma tão doce e saudável”, foram suas palavras.

RESULTADO

A viagem de Monroe para Nova Iorque, onde o evento foi realizado, causou a fúria do dono de seu estúdio, que esta­va descontente com o compor­tamento da atriz durante as filmagens de um longa. “Cha­teado com os atrasos de Mon­roe, além de outros problemas, os produtores do filme Some­thing Got to Give não queriam que a atriz se ausentar em meio às gravações. Assim que a atriz voltou para Los Angeles, no dia 7 de junho de 1972, foi demiti­da e processada pelos danos causados à produção”. Monroe foi readmitida pela produto­ra no dia 1º de agosto, por exi­gência de seu par romântico no filme, Dean Martin, com um contrato milionário. Apesar disso, o filme nunca foi termi­nado, pois a atriz foi encontra­da morta quatro dias depois.

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