Uma das facetas mais interessantes da ficção é quando ela consegue eternizar canções das quais o público imediatamente a associa a um personagem, cena ou trama. É assim com a canção tema Pantera Cor de Rosa e com o filme Tubarão. A percepção de seus “tans tans” é fácil e invoca lembranças, boas ou ruins. O que talvez pode passar batido ao público é que estas canções são composições elaboradas, e tocadas por orquestras. E para mostrar que esta música está mais perto da nossa cultura do que se pensa, que a Orquestra Sinfônica de Goiânia apresenta hoje, às 20 horas, no Teatro Sesi, o espetáculo “Cinema In Concert”. O programa é composto por clássicos do cinema. A entrada é 2kg de alimento não perecível.
Regidos pelo maestro e diretor técnico da Orquestra Sinfônica de Goiânia, Eliseu Ferreira, a apresentação marca ainda a estreia nos palcos do que o regente chama de mais um braço da Orquestra Sinfônica: o Coro Juvenil de Goiânia, que conta com 60 vozes e compactua para um projeto-piloto da orquestra para a democratização da cultura.
“Nós já temos Orquestra Jovem, a Banda Sinfônica, a Camerata de Corda e temos agora mais esse braço pedagógico da Rede Municipal de Núcleo Musicais. O intuito é formação de cantores, instrumentistas e também da formação de público através da presença em escolas, casas de cultura, etc”, conta o maestro Eliseu Ferreira, que também é coordenador da Rede de Orquestras Jovens de Goiás.
Dentro deste projeto de inclusão está “Cinema In Concert”. Com a presença de faixas icônicas tocadas pela Orquestra–a exemplo de O Poderoso Chefão, O Violinista no Telhado, Frozen–uma Aventura Congelante e Mamma Mia – a ideia deste concerto é provar que a música erudita faz parte da vida de todos, seguindo uma tendência também muito utilizada em outras grandes orquestras do país.
“Às vezes as pessoas veem novela, cinema e até uma propaganda sem nem se tocar que ali tem uma orquestra sinfônica por trás, fazendo parte daquele produto cultural. Então, como está inserido em um todo, a música não é o principal, as pessoas não têm essa percepção. Então, queremos fazer com que o público aprecie somente a parte musical destes filmes que se tornaram famosos e referência de alguns anos para cá. Queremos mostrar que a música sinfônica está presente no nosso dia a dia. Nas gravações de álbuns e até shows de duplas sertanejas, em muitas vezes uma orquestra está lá”, explica o artista, frisando que ações como essa são importantes, principalmente para quem nunca foi a um concerto.
“Estamos aproximando as pessoas do mundo dos concertos e creio que o cinema seja um bom começo para quem nunca teve contato com a música sinfônica. Queremos que as pessoas se aproximem da música do concerto”, ressalta.
O virtuosismo das canções escolhidas para o concerto de hoje pode ser notado facilmente, de acordo com o maestro Eliseu Ferreira. E um dos compositores de música tradicional de concerto, que também é muito famoso nas telonas é John William, presente no programa com temas de Tubarão, Jurassic Park e Um Violinista no Telhado.
“Vamos tocar dele (John William) um arranjo que fez para tocar no filme Um Violinista no Telhado, que é uma composição que exige virtuosismo, tanto do solista quanto da orquestra. John William escreveu ainda a trilha sonora de Star Wars e ilustra bem essa riqueza na música de cinema”, detalha o maestro.
POP
Estas diversificações, ainda segundo Eliseu Ferreira, estarão ainda mais evidentes nos concertos da apresentação da orquestra deste ano. “O nosso repertório tradicional, com grandes nomes da música clássica, que tem repertório acumulado desde o século XIV, é um grande patrimônio cultural imaterial e precisa ser preservado, é principal trabalho de uma orquestra sinfônica. Mas paralelamente a estes programas traremos surpresas”, adianta.
No cronograma está programada, por exemplo, uma apresentação com musicais da Broadway, a adaptação da ópera Carmina Burana, que é bastante popular. “A Orquestra Jovem em algum momento vai fazer algo com a música sertaneja. E também vai ter uma apresentação com uma banda de rock. Mas ainda não podemos falar muito ainda e guardar a surpresa”, diz o maestro.
O REGENTE
Natural de Anápolis-GO, Eliseu Ferreira é graduado em Educação Artística e Clarineta pela Universidade Federal de Goiás (UFG), onde também é mestre em Regência Orquestral. Estudou com professores como Luiz Gonzaga Carneiro e Fernando Machado (clarineta), Angelo Dias e Zuinglio Faustini (canto) e Emílio de César. Participou de cursos de Regência no Paraguai, República Tcheca, Inglaterra e França. Foi regente em grupos: Orquestra Filarmônica de Goiás, Orquestra Jovem de Goiás, Orquestra Planalto Central, Orquestra de Câmara de Goiânia, Orquestra Sinfônica de Goiânia, dentre outros. Durante 15 anos foi regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás por 15 anos, com a qual realizou um intenso trabalho didático e artístico. Atualmente é diretor técnico da Orquestra Sinfônica de Goiânia e coordenador da Rede de Orquestras Jovens de Goiás.
CONFIRA O PROGRAMA DO CONCERTO
Tema de A Pantera Cor de Rosa, de Henry Mancini - Arranjo de John Cacavas
Tema de Amor de O Poderoso Chefão, de Nino Rota - Adaptação de Alexandre Brasolim
Tema de Cinema Paradiso, de Ennio Morricone
Valsa do filme De Olhos bem Fechados, de Dmitri Shostakovich
Suíte de O Contador de Histórias, de Alan Silvestri - Arranjo de Calvin Custer
O Violinista no Telhado, de Jerry Bock. Arranjo de John Williams. Solista: Samuel Dias, violino
Tema de Tubarão, de John Williams
Tema de Jurassic Park, de John Williams
Tema de Frozen - Uma Aventura Congelante, de Kristen Andersone Robert Lopez. Arranjo de Bob Krogstad.
007 Contra Spectre - Writings on the Wall, de Sam Smith e James Napier - Arranjo de Emanuel Ferreira. Solista: Erickson Nunes, tenor
A Conquista do Paraíso - Vangelis - Tema de Arranjo de John Williams (Adapt. Sergio Kulhmann) S. Anderson, B. Anderson e B. Ulvaeus -
Mamma Mia - Dancing Queen / Waterloo, do filme Arranjo de Gary Fry. Solistas: Carolina Borges, Moriane Anjos e Débora Aguiar