Quase quarenta anos de experiência profissional, 12 deles trabalhando com medicina preventiva. O livro Viver com saúde – uma questão de escolha, redigido ao longo de um ano e meio pelo médico Manoel Rocha, graduado em Medicina pela Universidade Federal de Goiás em 1981, traz em uma linguagem didática e acessível várias informações importantes sobre como prevenir e tratar de várias doenças que comprometem a saúde da população. O médico, que também é professor, promove o lançamento hoje, a partir das 19h no Palácio das Esmeraldas. O livro traz estudos sobre a causa das principais doenças da atualidade, além de dicas, receitas e dietas que ajudam as pessoas a conhecer o próprio organismo, e preservar a saúde.
De acordo com Manoel Rocha, que esteve na redação do Diário da Manhã para falar sobre o livro, existem vários fatores externos que podem levar um indivíduo a desenvolver certas enfermidades. “Muitas doenças ditas genéticas são, na realidade, mais dependentes dos fatores ambientais e comportamentais do indivíduo. A proposta do livro é mostrar quais as principais causas dessas doenças da atualidade, e o que fazer para minimizá-las, evitá-las ou até mesmo recuperar-se delas”.
Um dos grandes obstáculos para enfrentar a grande incidência dessas doenças, de acordo com o médico, é a falta de conhecimento das pessoas em relação ao próprio organismo. “A medicina preventiva depende muito de educação. A base dela é a educação. E o paciente precisa conhecer o seu organismo e saber o que é benéfico e o que é maléfico para que ela possa cuidar da saúde”, explica.
Manoel Rocha atentou-se à necessidade de uma mudança na educação das pessoas enquanto acompanhava uma campanha de prevenção ao câncer de próstata, ainda nos anos 1990. “Minha formação inicial foi como urologista. Em 1994 começamos, junto com a Sociedade Brasileira de Urologia, a fazer um programa preventivo inédito contra o câncer de próstata”. Ao observar a incidência da doença e a relação com o histórico de vida dos pacientes, Rocha passou a perceber a importância da prevenção. “Era um programa de diagnóstico da doença. Tenta-se descobrir a doença no início, a detecção precoce. Durante esse acompanhamento nós percebemos que haveria uma necessidade de mudança de comportamento”.
DADOS
Para explicar a grande importância dos hábitos diários na prevenção de doenças, Manoel Rocha observa a diferença de dados de sociedades com valores culturais distintos. “No Japão e na China a incidência de câncer de próstata e de mama é bem baixa. Um a cinco casos a cada 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos a incidência já passa de 110 a 140 casos para cada 100 mil habitantes. Isso não é genética. A diferença principal entre orientais e americanos é o estilo de vida, a alimentação”, explica. Mesmo que o indivíduo seja portador de um gene da doença, ele pode ficar silenciado de acordo com o comportamento de seu portador. “Hoje isso é definido como epigenética. Quando se estimula esse gene ele pode gerar a doença”, conclui.
Na equipe que colaborou para a concepção do livro, Manoel Rocha contou com o apoio da nutricionista Mariana Jones e do doutor em Ciências Leandro Rocha. “É o nosso primeiro livro, mas as pesquisas já acontecem através de trabalhos de campo realizados há 13 anos em municípios de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Pará e Maranhão”, explica o médico. Através dessas viagens, as necessidades ficaram mais explícitas. “Visitamos várias cidades fazendo atendimento comunitário, e isso também nos ajudou a enxergar o problema de uma forma mais ampla. Não é só aqui, é no Brasil inteiro”.
O tratamento de pacientes crônicos tem congestionado a saúde pública. “Estudos comprovam que 3% dos pacientes doentes consomem 50% dos recursos”, informa o médico, que acredita que a prevenção de doenças seria uma maneira de investir com mais inteligência na área da saúde. “A doença é cara, é preciso mudar isso. Não vai adiantar só construir mais e mais hospitais. Temos que envolver a população, os médicos e profissionais de saúde de forma geral. A ideia do livro é contribuir para melhorar as condições de saúde”.
MÉTODOS
O livro Viver com saúde – uma questão de escolha traz a proposta de alerta e de conscientização desde a infância. “É necessário interferir na base, na escola. Começar uma consciência na criança fica mais fácil que mudar os hábitos dos adultos”, explica. O formato do livro foi desenvolvido para que as informações pudessem ser decifradas e assimiladas pela população como um todo. “O livro é todo colorido e ilustrado. É uma linguagem que a população possa entender, sempre comparando com situações do dia a dia. Nosso intuito é esclarecer a população mais simples que não teria acesso a essa informação. Tem uma parte de culinária saudável, que fala de dietas, receitas saudáveis. E ainda tem a parte dos casos clínicos de cura de doenças que são consideradas não curáveis tradicionalmente”.
Um dos exemplos utilizados pelo médico foi em relação à alimentação. Ele compara a montagem de um prato saudável com os materiais necessários para a construção de uma casa. “As pessoas tem dificuldade de montar um prato, não sabem que proporção de cada alimento colocar. Mostramos isso de uma forma bem simples, comparando com materiais de construção: areia, cimento e tijolos”, explica.
Nesse esquema, os carboidratos são comparados à areia (menor quantidade), as proteínas são o cimento (uma maior parcela) e as principais fontes de nutrientes – como legumes, verduras, frutas e castanhas – são os tijolos, ou seja, cerca de 60% do material necessário. ”O que o pessoal mais usa é o carboidrato, que seria a areia, ou seja, o que deveria ter menos no prato, porque ele é só pra gerar energia”, conclui.
LANÇAMENTO
Viver com saúde – uma questão de escolha
Autor: Manoel Rocha
Local: Palácio das Esmeraldas, Praça Cívica, Setor Central
Data: Hoje, 26 de abril
Horário: 19h