A sociedade brasileira, bem como a cultura por ela produzida, é mista e plural. Nada de novo sobre o sol. Até mesmo a parte da história brasileira que é lecionada nas escolas já trata estes detalhes importantes na formação do povo e desta nação. Desta forma, dizer que a cultura e a sociedade brasileira é mista e plural seria como chover no molhado. Na verdade, a cultura e a sociedade brasileira são o que são: tem influências do negro sequestrado de seu país de origem, do português navegante cingindo o mundo e dos povos nativos destas áreas, exterminados em sua grande maioria, porém muito vivos graças a resistência de poucos. A cultura aqui absorve e assim cria uma representação única, esse misto de elementos, essa pluralidade de formatos.
A cultura no nordeste brasileiro, por exemplo, é riquíssima com suas referências africanas, com sua relação com o mar e a região costeira. A religiosidade também é uma parte importante nessa estrutura. Grandes festas de santos católicos estão marcados no calendário cultural do país inteiro. Apesar da referência clara ao universo cristão, as festas de santo do nordeste brasileiro são muito mais um acontecimento cultural do que uma celebração em si. Sendo a religiosidade uma forte características destes povos distantes das grandes capitais urbanas, a cultura criada ali não poderia ter outras influências.
O mês de junho é especial justamente por isto. Logo no dia 12, na segunda semana do mês, é celebrado o dia de Santo Antônio, no dia 23 de junho, São João, e no dia 29 é celebrado o dia de São Pedro. As famosas Festas Juninas celebram estas datas, espalhadas durante o mês de junho. Apesar disso, as comemorações têm origem antes da invasão das terra tupiniquins, antes da escravidão e até mesmo antes do catolicismo. Na idade média, o anúncio do solstício de verão e de inverno era realizado em formato de festas, em homenagem aos deuses pagãos da natureza e da fertilidade. Assim como o Natal, por exemplo, a igreja acabou aderindo às festas atribuindo-lhes um caráter religioso, uma vez que não conseguia acabar com sua popularidade.
Em Portugal, em virtude da coincidência de datas, passou-se a comemorar o São João, chamando-lhe de festas joaninas. No país lusitano, a Festa de São João na cidade do Porto é muito famosa e atrai milhares de pessoas que todos os anos festejam nas ruas. No Brasil, as festas juninas foram introduzidas pelos portugueses no período colonial e, desde então, a comemoração sofreu influências das culturas africanas e indígenas e, por isso, possui características peculiares em cada parte do Brasil. As festas caipiras, como são também conhecidas, são típicas da região nordeste, onde a maior festa de São João do mundo acontece em Campina Grande, no Estado da Paraíba.
JÁ COMEÇOU
As festas juninas já começam a aparecer na programação cultural da cidade de Goiânia. O Grande Hotel Vive o Choro, o vulgo Chorinho, abre um horário especial na programação semanal para bandas com ritmos nordestinos. Além de os shows de Choro, com início às 19h, e MPB, com início às 20h, a programação contará com shows especiais de ritmos nordestinos a partir das 21h. Serão cinco semanas de programação especial que terão desde trios clássicos, como o trio Jaguatirica (sanfona, zabumba e triângulo), passando por trios com influências modernas como Os Gitiranas, e também o forró guitarrado da banda Forró do Cerrado. Também fazem parte desta festa arretada Jeferson Leite e sua Rabeca e Triêro Pífano, saudando esse instrumento tradicional brasileiro.
Nesta sexta-feira (01) as apresentações são do Trio Novo, Sîla Stetter e Trio de 2 e o Trio Jaguatirica. No dia 8, na próxima semana, Tony Calaça Quarteto, Mara Cristina e Os Gitiranas sobem no palco. No dia 15 é a vez do Café com Trio, Laércio Correntina e Forró Cerrado. No dia 22, Oscar Wilde, Nilton Rabelo, Jeferson Leite e Trio Galvão. O encerramento, no dia 29 de junho, conta com a apresentação de Ana Cesário & Rafa Flores, Kleuber Garcez e Triêro Pífano.
DELÍCIAS TÍPICAS
A celebração, a dança e as músicas juninas são parte importante neste mês de junho. Porém, os pratos e bebidas típicas muitas vezes são tão esperados (ou mais) quanto o resto das festividades. Um bom milho assado, quentão, pipoca, pé de moleque e outras tantas delícias, que poderiam fazer parte de toda festa tradicional brasileira.
CONFIRA ABAIXO ALGUMAS COMIDAS TRADICIONAIS DAS FESTAS JUNINAS:
CANJICA
A canjica, também chamada de mingau de milho branco ou curau, é um prato popular feito com leite comum ou leite de coco, milho branco ou verde ralado e açúcar.
COCADA
Com diversos sabores, a cocada é um doce de festa junina, feito com coco ralado, ovos, leite de coco, rapadura e leite condensado. Para deixá-la diferente, durante a preparação, pode-se acrescentar polpa de frutas.
CUSCUZ
Também feito com milho ou farinha de tapioca, o cuscuz é um prato popular, principalmente no nordeste, e não faz sucesso apenas em festas juninas. Existem diversas variações do prato, por exemplo, em São Paulo, os paulistas consomem o cuscuz paulista.
PIPOCA
A pipoca são grãos de milho estourados na panela e é um dos itens que não pode faltar na festa junina e pode ser servida doce ou salgada.
MAÇÃ DO AMOR
A maçã do amor é um doce típico romântico bem simples, sendo o tradicional mergulhado na calda de açúcar. Foi criada pelo espanhol Antonio Farre Martinez e patenteada em 1959. Surgiram novas variações da maçã com calda de chocolate, granulado e outras delícias. Até a uva do amor foi incluída na história.
ARROZ DOCE
O arroz doce é um receita criada com arroz e leite, muito tradicional, e pode ser acrescentado leite condensado, canela, cravo e raspas de limão.