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DEADPOOL 2

O primeiro “Deadpool”, lança­do em 2016, foi uma surpresa tão grande–principalmente por causa do histórico do personagem com aquela versão horrenda do filme “X-Men Origens: Wolverine”–que Ryan Reynolds juntamente com o diretor Tim Miller conseguiram pegar todas as características icô­nicas do personagem e adaptá-las com um nível de criatividade e hu­mor impecáveis. O longa ser para maiores de 18 anos também foi uma aposta arriscada da Fox e outro acer­to essencial do filme, que arrecadou surpreendentes US$ 783 milhões mundialmente em bilheteria. Um feito para um filme de super-herói com classificação indicativa para maiores de idade. E uma guinada na carreira de Ryan Reynolds que abraçou definitivamente o estrela­to e se redimiu dos pecados anterio­res da carreira.

Obviamente que devido ao su­cesso do primeiro filme era mais do que certo que uma continuação seria lançada. Desta vez, Tim Mil­ler sai do cargo de diretor–possíveis conflitos de ideias com Reynolds–e quem assume o posto é David Leit­ch, responsável pelo primeiro filme do John Wick (“De Volta ao Jogo”) e mais recente por “Atômica” com Charlize Theron.

“Deadpool 2” tinha a responsa­bilidade de vencer as expectativas de um possível melhor filme que o anterior. O que teríamos de novo? Qual seria a novidade do momento? Afinal, continuações em Hollywood são sinônimos de mais, mais e mais. E “Deadpool 2” segue por este cami­nho e expande com mais persona­gens, e em escala cênica de ação, o estofo apresentado no longa origi­nal, cuja produção teve orçamento de mínimos US$ 58 milhões–a Fox não esperava tanto sucesso. O custo deste segundo gira em torno de US$ 90 milhões (valor ainda baixo para o padrão Hollywoodiano).

Se o valor modesto do primei­ro filme forçou os realizadores a buscar maneiras de contar a his­tória com ressalvas para não estou­rar o custo de produção, seguir este mesmo pensamento na continua­ção se mostra um erro. Primeiro: se você insiste em manter um baixo orçamento não deve pensar em au­mentar o nível de efeitos digitais nas cenas de ação. Um dos grandes pro­blemas deste segundo filme, e que são indesculpáveis, são justamente os péssimos efeitos especiais. Até relevamos no primeiro–afinal, nin­guém esperava fazer tanto dinhei­ro -, mas com o sucesso absurdo do original, ter um cuidado maior na elaboração dos efeitos era mais do que uma obrigação e respeito com o público. E isto, infelizmente, pre­judica bastante as cenas de ação. Se David Leitch fez um trabalho competente no primeiro John Wick e “Atômica”, neste “Dea­dpool 2” o resultado é comple­tamente o oposto.

Outro fragilidade do filme é a construção dramática dos personagens e o desenvol­vimento do arco de peças importantes como o garo­to Russell (Julian Den­nison) e o próprio an­tagonista Cable. Claro que “Deadpool” não é um filme de drama, mas no primeiro existia uma narrativa centrada no desenvolvi­mento do protagonista que nos fazia se identificar pela jornada do perso­nagem. Neste daqui, tudo é jogado e diversos personagens são desper­diçados. Josh Brolin tem muito ca­risma como Cable, mas é relegado a ser meramente uma ferramenta de fan boy e por profundidade no roteiro. Como o próprio Wade Wil­son/Deadpool brinca com o filme ao afirmar: “Que roteiro preguiço­so!”, justificar o erro ao reconhecê-lo não o torna menos errado. Portanto, como o próprio filme diz, o roteiro é sim bastante preguiçoso!

Mas se tem algo em que “Dea­dpool 2” acerta com maestria é na comédia. Aliás, sempre foi o DNA do personagem, foi o grande cha­mariz do primeiro filme e continua sendo o maior interesse deste se­gundo. É a característica que mais faz do personagem envolvente. Desde a campanha de marketing até o que é apresentado durante a exibição, tudo com relação a co­média funciona. Claro, como toda comédia há piadas que funcionam melhor que as outras. Mas o cer­ne humorístico deste universo do Deadpool, e toda sua autocons­ciência de que aquilo tudo é um filme, são quadrinhos e é menti­ra, tornam muito mais grati­ficante a experiên­cia. Do mesmo modo as inúme­r a s piadas com Hugh Jackman, DC Comics, Marvel, X-Men e, obvia­mente, o próprio Ryan Reynolds.

“Deadpool 2” está longe de ser ruim. Continua divertidíssi­mo e uma comédia que funciona muito bem. Pode ser falho quan­do entra na ação, e na parte mais dramática, mas ao menos no ob­jetivo principal de levar o públi­co ao riso, “Deadpool 2” empolga bastante. É uma comédia ainda mais non sense, auto de­p r e ­ciativa e metalingüística que o primeiro filme. E mesclado com o excelente timing cômico de Ryan Reynolds, o fil­me é diversão garantida!

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