Um médico natural de Vancouver, Washington, vem chamando a atenção do mundo com suas fotografias subaquáticas digitais capturadas em profundidades que ultrapassam os 18 metros. Jim Obester vem registrando a farra de luzes oceânica há mais de 30 anos, mas passou a utilizar câmeras digitais a partir de 2012. O novo formato de captura tem revolucionado o imaginário sobre as cores e as formas submarinas pela praticidade que proporciona. “Estar apto a ver e fazer ajustes nas imagens embaixo d’água permite experimentar naquilo que antes levaria meses em tentativas e erros com filme”, expõe o fotógrafo em seu site. Em 2017, ele ganhou ainda mais notoriedade após vencer o prêmio de foto do ano no concurso da National Geographic na categoria subaquática.
Apesar de ter os tubarões da costa leste da Flórida como seus objetos favoritos de trabalho, o prêmio veio com as fotografias fluorescentes capturadas no Oceano Pacífico, em Sund Rock, Washington. O ser vivo em questão é uma ceriantharia, uma criatura cheia de tentáculos coloridos da ordem de animais cnidários antozoários que vivem presos a um substrato no fundo do mar. Em entrevista ao jornal The Columbian, ele explicou a técnica usada para conseguir o efeito luminoso nas imagens. “Luzes estroboscópicas azuis filtradas estimulam pigmentos fluorescentes nos tentáculos claros das ceriantharias”. Além das tentaculosas brilhantes, Obester também se empenhou em registrar várias outras criaturas pitorescas do mar.
Ele faturou um prêmio de U$ 2500, que usou para comprar uma câmera nova. A fotografia vencedora foi tirada há mais de 18 metros de profundidade, em uma área marinha destinada à preservação no norte de Hoodsport, no Canal Hood. “Assim que me aposentei, minha intenção era criar um website para compartilhar minhas imagens favoritas com amigos, família, ou quem quer que estivesse interessado. A vitória no concurso da NatGeo fez crescer o interesse no meu trabalho, impulsionando minha carreira”, conta o médico aposentado, que também contou com a ajuda da internet, e dos acasos que ela pode proporcionar. “Felizmente, fui abençoado com uma filha, Diana Mitchel, que trabalha com mídias digitais. Ela levou pouquíssimo tempo para colocar o site no ar”.
MERGULHOS
O equipamento subaquático utilizado por Obester, incluindo as luzes, pesa cerca de 35 quilos. Na água, ele tem flutuabilidade neutra por conta do ar que fica na carcaça impermeável. Diferentemente das missões fotográficas onde estava sempre acompanhado por algum amigo ou pelo movimento dos tubarões, as imagens premiadas foram adquiridas num mergulho solo. “É difícil ter um amigo aguardando 20 minutos enquanto você desliza sobre uma ceriantharia e tira a mesma foto inúmeras vezes”, explica. Obester, cuja primeira graduação foi em Biologia Marinha, não utiliza grades protetoras para fotografar tubarões. “A primeira vez foi um pouco esquisita. Um tubarão branco na costa mexicana. Depois nunca mais parei”.
A primeira tentativa do médico aposentado no concurso da National Geografic foi em 2015, quando submeteu uma de suas fotografias de tubarão. Apesar de não ter recebido nenhum prêmio na ocasião, a participação serviu de ponte para que as fotos fossem publicadas numa revista alemã. Os responsáveis pelo veículo encontraram a fotografia de Obester em um website. “Eles procuraram pelo meu nome no Google, e me encontraram no hospital, antes de publicarem as imagens”, conta. A esposa de Obester, Karla, não compartilha da mesma paixão por mergulhos, mas reconhece a importância de seu novo trabalho. “Sei que ele está feliz. Ele tinha um trabalho muito estressante. Esta é uma maneira criativa de se relaxar”, conclui.