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ENTRETENIMENTO

Gênio do Acaso

Cantavam os pássaros, explo­diam os pequenos pulmões em saudação do Sol que há pouco estava no céu, era apenas oito horas da manhã de uma segunda­-feira. A brisa gelada deixava a som­bra do Parque Areião ainda mais agradável para a elite goianiense an­dar e, quiçá, parar alguns segundos para apreciar as artes surrealistas que se encontravam expostas per­to à grade verde do parque.

A arte de Ivo Eduardo mistu­ra elementos realistas da natureza intacta com o sentimento de caos que vivem as sociedades modernas, com cores intensas e frases poetica­mente recheadas de verdades não ditas, o pintor de 62 anos cria suas obras com teor político e filosófico. O pintor “goiambano”, como seu Ivo gosta de dizer, é filho de goiano com baiano, trazendo para sua arte a in­fluência das distintas vegetações do cerrado e da flora baiana.

Sentado ali, naquele meio-fio, seu Ivo ficava atento aos montes que passavam estáticos a percepção do seu redor, não se reparava as árvo­res, ou sequer o moço que vendia água de coco enquanto os macacos roubavam os que já estavam aber­tos. As telas dos celulares são o úni­co objeto que focam os olhos dessa nova humanidade. Ele diz não se importar. Para ele, “poucos têm es­tômago para encarar a arte de rua”.

Se engana quem pensa que Ivo Eduardo apenas pinta, ele é pro­fessor de capoeira, escritor, músico e compositor. Na realidade, seu Ivo começou a pintar há somente cin­co anos, quando voltou de Portugal, onde morou por 23 anos ensinando capoeira. Ivo foi pai solteiro, e teve que criar seus dois filhos num país que não o seu, com todas as dificul­dades encontradas em Portugal. Ivo começou a pintar para se expressar e ajudar na renda. Ele conta que “na arte encontrou a razão para viver”.

Quando voltou para o Brasil se deparou com a instabilidade po­lítica no País e percebeu a grande desvalorização dos artistas por aqui. Porém, da revolta nasceu a neces­sidade de expor no seu trabalho a realidade em que vivemos. “Nós es­tamos num País de ditadura, nun­ca existiu democracia de verdade aqui. Minhas músicas e tudo o que eu faço têm esse teor político”, conta.

LITERATURA

Ivo Eduardo é autor do livro Amor sem fronteiras, publicado em Portugal pela editora Pais e Vidas. “O meu livro contém uma pegada de auto-ajuda, e já salvou três pes­soas da elite portuguesa do suicídio. As pessoas perderam a razão de vi­ver. Já não existe mais ligação com o mundo espiritual e a natureza. A futilidade da vida deixa o ser huma­no cada vez mais com o sentimento de vazio”, afirma o autor.

Ivo conta que escreve seus livros com intuito de ajudar as pessoas a se conectarem novamente com o sentimento da existência. Afinal, es­tamos em um mundo que esvaziou o sentir para pregar o consumo exa­cerbado. Sua concepção da realida­de fica ainda mais clara no livro O dia que a América parou e a Terra cho­rou, que conta a história do atentado do dia 11 de setembro nos Estados Unidos, com a pegada de auto-ajuda e um final apocalíptico o autor escre­ve críticas ferrenhas às atrocidades cometidas pelo império americano.

Toda sua literatura – livros e poe­sias – é voltada para a mistura da análise social e a influência da de­sigualdade no cotidiano da vida hu­mana. Ivo contextualiza os senti­mentos de depressão e vazio com as relações impostas para a sobre­vivência dentro do capitalismo. “Eu acredito que a espiritualidade con­tém papel fundamental dentro do entendimento do real, e para a bus­ca da felicidade é necessário se en­tregar para o amor”, afirma o artista.

Para mais informações sobre as te­las, livros, aulas de capoeira e a agenda de Ivo Eduardo, entrar em contato no número: +55 62 9 9340–7321.

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