Embora dominado por homens, o cenário do rock brasileiro sempre teve mulheres de peso – e muita personalidade –, que deram uma visão feminina às composições. Bons exemplos são Rita Lee e Paula Toller. A primeira abandonou os palcos e está dedicando mais à literatura. Contudo, a ex-vocalista do Kid Abelha está a todo vapor rodando o País com a turnê “Como Eu Quero”. Neste projeto, músicas até então inusitadas em sua voz aguda e rouca são aliadas a clássicos de sua carreira.
“O repertório principal da turnê ‘Como eu Quero’ são os grandes sucessos de toda minha carreira, e essas músicas especiais dão um novo gostinho. São canções que gostaria de ter feito e por isso canto com muita propriedade: Mutantes, Stevie Wonder e essa joia que é Céu Azul, o novo single”, disse a cantora ao DMRevista, que em abril lançou o clipe de Céu Azul do Charlie Brown Jr., uma música que já disse achar muito leve e romântica, vinda de uma banda pesada.
Tanto a versão de Toller para esta canção de Chorão, comquanto ainda todas estas faixas inspiradoras para a artista poderão ser apreciadas em mais uma edição – a quarta do ano – do Flamboyant In Concert. Este show, que acontece no Deck Parking Sul – Piso 1, do Flamboyant Shopping Center, às 19h30, teve casa lotada também em outras capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. E por aqui também deverá ter a presença acalorada dos goianos. Prova disso é que os ingressos estão até esgotados.
PARCERIAS
Nesta edição, que incentiva as parcerias (e juntará nos palcos nos próximos meses Fábio Júnior e seu filho Fiuk, e a banda Biquini Cavadão e o ex-vocalista dos Engenheiros do Hawaii Humberto Gessinger), Paula Toller terá ainda como convidado outro grande nome do rock nacional: o ex-titã Paulo Miklos. “Eu e Paulo Miklos vamos cantar quatro grandes sucessos, para incendiar a plateia!”, promete a artista.
No palco, a cantora explica que neste show tem também colaboração de instrumentistas muito bem afinados. “É a mesma Paula, soltinha, com um time campeão, e Liminha liderando nos violões, que não deixam nada a dever a nenhuma guitarra distorcida”, provoca a cantora, que em cena conta ainda com a presença de Gustavo Camardella (violão e vocal), Pedro Augusto (teclados), Pedro Dias (baixo) e Adal Fonseca (bateria).
A cenografia, que a artista já afirmou estar lindíssima, tem concepção do multifacetado Batman Zavarese. E a luz é assinada por Samuel Bets.
FIXAÇÃO
O repertório aberto deste show anuncia uma fase em que Paula Toller parece estar aberta às possibilidades, assim como em seu último trabalho solo Transbordada. Se bem que, observando sua carreira, é possível que esta artista sempre esteve na vanguarda. Primeiro, porque desbravou um território masculino junto às composições, depois por ser Paula Toller.
Ela ajudou a dar ao rock tupiniquim mais representatividade. E fez isso de forma muito natural. “Na minha vida musical tinha parceiros muito legais desde sempre, realizei tudo que desejei. Na verdade as pessoas gostavam da presença de uma menina no palco, era inusitado. Primeiro com a Rita Lee e depois com o Kid Abelha, ficou claro que mulheres poderiam ser compositoras, se expressar e fazer muito sucesso comercial”, analisa a artista, respondendo à pergunta sobre se sofreu rejeição dos músicos e do mercado por ser mulher.
BREVE HISTÓRICO
No começo, a menina criada pelos avós no Rio de Janeiro e decidiu ser cantora após conferir uma apresentação da banda Gang 90 e as Absurdettes na TV, era bem diferente: tinha os cabelos curtos e negros. A voz quase não mudou desde 1982, quando começou a cantar na banda que na época chamava-se Kid Abelha e os Abóboras Selvagens. Nesta época, além do trio mais conhecido– formado por Paula Toller, Bruno Fortunato e George Israel – outros nomes, como o músico Leoni, namorado da artista naqueles tempos também integraram o grupo.
No início, em 1982, a banda era mais uma diversão, pois de acordo com Paula era tudo muito amador. Porém, o profissionalismo foi chegando aos poucos e o sucesso veio logo em seguida. Um dos momentos cruciais para o descobrimento da banda carioca para o Brasil foi uma apresentação em 1984, no Rock In Rio. Antes disso, veio o álbum Seu Espiões e a fase que a artista chama de “magnata”, já que andavam de jatinho, por pura necessidade. Este primeiro disco havia clássicos como Fixação, “Pintura Íntima, Por Que Não Eu? e Como Eu Quero.
Em 1986, a banda sofreu um baque com a saída conturbada de Leoni. Contudo, Paula e George tornaram-se uma dupla dinâmica na composição, criando vários outros hits do Kid Abelha, que entre alguns hiatos acabou em 2016, por uma decisão da própria cantora, que à revista Quem, disse na época estar desmotivada a criar novas coisas na banda.
Entretanto, não é de hoje a carreira solo de Paula Toller. Em 1998 lançou um álbum que levava seu nome e desde então mostrou mais três trabalhos individuais: SóNós (2007), Nosso (2008) e Transbordada (2014).
NOVAS
Agora, além de Como Eu Quero, que deverá virar ainda um DVD, no auge de seus 54 anos e mãe de um filho de 26 anos, a cantora guarda ainda a fama ícone da beleza – pois, não envelhece. E, também, está engajada na dramaturgia. Mas calma, a artista não faz questão de atuar. Negou, inclusive, o papel que ficou com Cláudia Ohanna na novela global Vamp.
Com o marido, o cineasta Lui Faria, Toller terminou as gravações de Minha Fama de Mau (a história de Erasmo Carlos). “O filme está pronto e será lançado em novembro. As pessoas vão amar, é um filme-show para cantar junto. Fiquei muito feliz de poder cooperar na produção e também fiz uma pequena participação”, conta.
FLAMBOYANT IN CONCERT - PAULA TOLLER CONVIDA PAULO MICKOS
Quando: Hoje, às 19h30
Onde: Deck Parking Sul – Piso 1, do Flamboyant Shopping Center
Classificação etária: Livre
Informações: (62) 3546-2016
*Ingressos esgotados