E ncerra hoje, no Parkview Art de Hong Kong, na China, a exposição Beijing Express, aberta desde o dia 26 de março, na galeria que fica na Old Bailey Street Central. A inovadora exibição tem a curadoria do professor Peng Feng, bastante conhecido no meio artístico da china. Entre os pintores selecionados, estão oito artistas chineses que vem ganhando destaque na última década: Mao Lizi, Ma Kelu, Ma Shuqing, Yuan Zuo, Tan Ping, Meng Luding, Feng Lianghong e Li Di. A exibição foi desenvolvida a partir das pesquisas do professor Feng sobre a atual arte abstrata chinesa. Um dos curadores mais influentes do País na atualidade, cujo trabalho se debruça principalmente sobre o modernismo chinês, num paralelo com as estéticas tradicionais da China.
Em artigo do site ArtNet, os autores explicam o importante papel desta exposição no resgate documental daquilo que se tem produzido de expressionismo abstrato na China nas últimas décadas. “Juntos, estes artistas, que começaram na arte figurativa e depois viraram-se para o abstracionismo nos últimos 30 anos e hoje são considerados pioneiros”, conta o site. A forma particular como os artistas vêm se expressando nessa região da Ásia tem consolidado um novo viés desse tipo de arte. “Beijing Abstract procura demonstrar como a arte abstrata chinesa se desenvolveu nas últimas quatro décadas em um movimento estilístico. Os trabalhos podem ser observados de um ponto de vista independente daquilo que surgiu no ocidente e até mesmo no leste da Ásia”.
PERÍODO DE INTROSPECÇÃO
Para que possamos entender o contexto em que este tipo de arte ganhou expressão, o site ArtNet reitera a dificuldade de acesso à informação que o povo chinês enfrentou na última metade do século XX. “A arte abstrata na China é derivada de filosofias orientais, e desenvolvida durante um período de introspecção histórica, onde o acesso à informação, fora da China moderna, era limitado”, explicam os autores. “Peng argumenta que a arte abstrata na Europa e nos Estados Unidos podem ser divididas em três gerações: abstração metafísica (inspirada pela Teosofia), expressionismo abstrato (puxada de teorias do inconsciente) e minimalismo (que foi influenciado por teorias do Budismo Zen)”.
Enquanto isso, esse tipo de expressão na Ásia passou por uma longa fase embrionária. “A arte abstrata no leste estava apenas começando. Da Coreia do sul veio Dansaekhwa, enquanto no Japão surgiram os artistas Mono-ha e a Associação de Arte Gutai. Paralelamente, na China, um novo tipo de arte abstrata estava se formando, fundada através de uma interpretação diferente do Budismo Zen para o minimalismo”, contam. Para que esse processo fosse iniciado, vários artistas tiveram que se desligar de conceitos tradicionais da estética chinesa. “Todos os artistas que integram esta exibição chegaram à sua distinta linguagem na arte abstrata após, primeiramente, se libertarem dos princípios da cultura visual chinesa”, concluem.
MAO LIZI
O site Wide Wall traz um pouco da história de Mao Lizi, artista de grande importância na definição de novos conceitos para a arte chinesa. “No fim dos anos 1970 e início dos anos 1980, um grupo não-oficial de artistas, The Stars Group, começaram a revolução pós-cultural. Mao Luizi era o membro fundador daquela organização, e influenciou significativamente o formato da cena artística contemporânea da China”. Menos é mais – “a principal característica do trabalho de Lizi é a simplicidade. Suas pinturas são elegantes e gentis, com composição rítmica. Ele é profundamente inspirado pela caligrafia chinesa tradicional e por pinturas que incorporam a estrutura abstrata. Suas obras desafiam o público a encarar seu imaginário poético”.
MA SHUQING
As características principais do trabalho de Ma Shuqing, nascido em 1956 na cidade de Tianjin, são expostas pelos autores do site Asia Art Center. “Suas pinturas são construídas em um espaço visual independente e tridimensional, baseado em cor e tempo”, explica o autor. Além do plano material – “desde seus estudos na Alemanha, no fim dos anos 1980, Shuqing tem se dedicado a explorar e pesquisar a pintura abstrata. Suas obras restauram a individualidade e espiritualidade. Isso pode ser observado no processo de pintura. Elas apresentam cores minimalistas solitárias, assim como o espaço, dedicado à sensibilidade visual”. Boa parte de suas pinturas são monocromáticas no centro, e apresentam bordas intrigantes com várias cores ao redor.