MISSÃO: IMPOSSÍVEL – EFEITO FALLOUT
Diário da Manhã
Publicado em 29 de julho de 2018 às 02:34 | Atualizado há 4 meses
“Missão: Impossível” é o que mantém Tom Cruise em evidência até hoje, naquele hall de astros do cinemão pipoca. Um dos grandes feitos que tornaram a saga do agente Ethan Hunt na telona tão longa, e próspera, foi a capacidade de reinvenção em tom, narrativa, e na criatividade de se fazer cenas de ação.
“Missão: Impossível:–Efeito Fallout” é o sexto filme de uma franquia que começou lá em 1996 como resultado do sonho de Tom Cruise em adaptar para o cinema um de seus seriados favoritos. Cada filme trouxe um diretor, um estilo, mas sem deixar de lado o clima incessante, as reviravoltas e perseguições encenadas–sem dublês–pelo astro protagonista.
“Efeito Fallout” é o primeiro filme cuja história é uma ligação direta do anterior, e é aquele capítulo que serve para unificar–de alguma maneira–toda a franquia através de referências sutis, mas importantes àquele mundo. É a primeira vez que temos o retorno de um mesmo diretor. Christopher McQuarrie dirigiu o predecessor, “Nação Secreta”, e volta ao cargo chefe, e também como roteirista.
Diferente dos cinco filmes anteriores, “Efeito Fallout” mescla o tom de aventura com uma narrativa mais densa, e carregada de desespero. É o primeiro da franquia cujo tom foge do espírito episódico–ainda que seja–e coloca os personagens em meio a uma trama onde o senso de fim, despedida, é notório. Quando compararam o filme ao “Batman–O Cavaleiro das Trevas” de Christopher Nolan, foi justamente por causa desta instabilidade emocional, onde nada parece seguro e o arco de cada personagem corre riscos graves de chegar ao fim–inclusive, do próprio Cruise.
É o filme da franquia que mais ousa, seja nas soberbas sequências de ação realizadas em grande parte sem auxílio de efeitos digitais–e com um Tom Cruise ainda mais insano nas acrobacias sem o uso de dublês -, ou quando se trata de usar o som na hora adequada e a trilha sonora que é responsável por colaborar com este ambiente angustiante. São mais de duas horas de puro clímax, com ação frenética, empolgante, e carregada com o peso emocional da história de cada personagem–o que torna a experiência mais engajante devido ao fator identificação.
McQuarrie e Cruise fazem um trabalho brilhante. Utilizam os clichês clássicos de todos os filmes numa trama repleta de inteligência, dinamismo, sentimento e interesse em nos levar junto na aventura. Mas ainda espero que o capítulo sete tenha um diretor diferente, afinal, apesar do trabalho magistral de McQuerrie em “Nação Secreta” e neste “Efeito Fallout”, “Missão: Impossível” sempre foi interessante por se renovar com visões distintas, de profissionais diferentes, e é ela que traz diversidade ao produto em questão. E que se contente Tom Cruise pelo feito–muito válido, e merecido -, de chegar ao sexto filme com tamanha competência, ousadia e puxando os limites do cinema de ação sem medo de errar.
“Efeito Fallout” é o melhor filme de ação do ano até agora. E de todos os “Missão: Impossível”. Uma sintonia brilhante de cada elemento cinematográfico responsável por nos fazer torcer, vibrar, se emocionar e nunca esquecer a experiência mágica que é viver o impossível no cinema. Tenho dó de quem for dirigir o próximo filme. Terá que trabalhar muito para, no mínimo, manter o padrão de qualidade elevado apresentado aqui. Filmaço!