O desejo de expressão pode aflorar ainda muito cedo na vida de uma pessoa. É na infância que surgem os primeiros desenhos, a primeira frase no diário (que pode ser lido como um poema) e os primeiros passos de dança. Neste período da vida, a criatividade ainda não tem limites, e a realidade se mistura com esse mundo imaginado de uma forma muito mais homogênea. O incentivo para a criação artística é um método de demonstrar para a criança a importância da cultura na vida social. Desta forma, a arte surge na vida das pessoas como parte importante na formação de qualquer indivíduo.
Infelizmente, no Brasil, as artes são um bem comum considerado desimportante. A quantidade de investimentos do Estado e do governo federal não é suficiente para suprir todas as necessidades do jovem artista. Porém, fazer arte tem muito a ver com resistir dentro desse universo que nos envolve. Por esse motivo, muitos jovens artistas continuam produzindo de diversas maneiras, inclusive propondo novas formas de valorizar as artes, mesmo de frente a esse cenário um tanto catastrófico.
Luiza Miranda de Souza tem 12 anos e faz parte do corpo de baile da Escola de Arte Veiga Valle como bailarina. Ela também é um exemplo de como a expressão artística tem força, mesmo que as dificuldades sejam constantes. Luiza conta que tinha uma paixão por balé desde sempre, mas resolveu, há dois anos, fazer a inscrição em uma escola para realmente aprender como dançar. Para surpresa dela e da família, a jovem dançarina foi aceita para o corpo de baile e desde então se apresenta em grupo e solo, passando por cidades como Indaiatuba, em São Paulo, Uberlândia, em Minas Gerais, e Taguatinga, no Distrito Federal.
NÃO SÓ FLORES
Em uma entrevista realizada no jornal Diário da Manhã, a jovem bailarina conta que foi uma surpresa o convite para compor o corpo de baile, pois seu interesse era em estudar balé. Desde então Luiza se desdobra em um horário apertado para conseguir estudar e dançar balé. “Não sobra horário. Saiu da escola 12h40 e vou direto para o balé, que começa 14h e vai até 18h, algumas vezes até as 19h”, diz. A jovem ainda encontra tempo para fazer suas pesquisas pela internet. Ela conta que utiliza de vídeos para aprender novos passos, tirar referências e saber mais do mundo do balé fora do Brasil.
Outra dificuldade comum para quem tenta trilhar o caminho na dança no Brasil é a falta de incentivos financeiros para o setor. Luiza conta que tem dificuldades para manter uma rotina frequente de apresentações, pois boa parte destas inclui o custo de passagem, hospedagem e alimentação por conta do artista. Ao lado de Luiza, sua avó Clênia Félix pede o apoio da sociedade para que o sonho da neta possa continuar se tornando uma realidade.
“O balé é muito caro. A escola é gratuita, mas a matrícula e os custos de viagem e figurinos têm um preço muito alto. Já procuramos empresários que pudessem ajudar com esse patrocínio, mas a área do balé não tem muito auxílio. Se ela não conseguir incentivos para o ano que vem, nem sabemos se iremos conseguir que ela continue na dança”, diz Clênia.