Conhecido principalmente por seu posicionamento artístico, Chen Houei-kuen foi responsável por uma grande mudança estética na arte oriental. Ele utilizava elementos da pintura tradicional chinesa combinadas com técnicas desenvolvidas por artistas europeus. Chen nasceu em 1907, numa cidade chamada Lonjing Town, em Taiwan. Também é reconhecido no meio da educação, pois trabalhou como professor de artes em universidades por mais de 45 anos, e possui uma vasta história de contribuições à arte contemporânea. Para divulgar seu trabalho, promoveu dezenas de exibições solo desde 1962, conquistando vários prêmios de prestígio como o Golden Harvest Award e o National Literary Award. Faleceu em 2011, aos 103 anos.
Para entendermos melhor o contexto em que a arte de Chen se desenvolveu, precisamos nos atentar à história de Taiwan, um país cuja independência não é completamente reconhecida, e que já esteve sob domínio de outras culturas durante muito tempo. “Taiwan mudou várias vezes, o que contribuiu para uma rica vida artística na ilha. Tornou-se colônia do Japão em 1895, mas voltou a pertencer à China em 1945. Durante os anos 1970, o Nativismo emergiu como um movimento político-cultural em desenvolvimento. Isso faz da arte de Taiwan algo complexo e interessante, pois em cada um desses períodos absorveu várias influências artísticas da China, do Japão e do ocidente”, informa site o Museu Nacional de História dos Estados Unidos.
As informações vem de um texto de 2006, quando na ocasião foi realizada uma exposição especial em comemoração ao centenário do artista. “Essa exibição mostra a arte taiwanesa em todas as suas diversas faces. Em meio às suas paisagens, vemos um cenário descrito em estilo chinês tradicional, ou incorporado com o impressionismo francês, capturando o humor do país”. Durante seus estudos, Chen Houei-kuen esteve em contato direto com a cultura japonesa. “Ele entrou na Escola de Arte de Tóquio em 1928, onde estudou desenho, nihonga e escultura. Em 1930, passou a experimentar a pintura à óleo, produzindo, entre outros, o quadro ‘My hometown, Longing’, um de seus trabalhos mais famosos”.
MULTICULTURAL
A troca de experiências adquirida por Chen em sua constante permuta de países é responsável pelo aspecto único e pela diversidade de formas, objetos e materiais conduzidos por ele em suas telas. “Durante os anos pós-guerra, ele aprendeu com Pu Xinyu [importante pintor tradicional chinês] enquanto ambos lecionaram na Universidade Nacional de Taiwan. Chen viajou bastante, produzindo esboços em todas as suas viagens. Viajava regularmente para a França, e durante os anos 1980, visitou novamente o Japão”, relata o site do Museu Nacional de História dos EUA. “Tamshui [distrito na região norte de Taiwan] era um de seus lugares favoritos. Chen produziu vários rascunhos ao longo do Rio Tamshui. Sua arte se distingue pelo uso de diversos materiais e objetos, e reflete a qualidade multicultural da arte taiwanesa”.
Para estudar a ideologia e técnicas artísticas do ocidente, Chen fez duas viagens para pesquisar o Japão nos anos 1950. Nos anos 1960, estudou na França por um ano, e visitou vários museus de arte, fazendo várias anotações. Enquanto isso, visitou a Espanha, Itália, Belgica, Holanda e Alemanha, rascunhando os lugares pelos quais passava. A dedicação com a qual o Professor Chen desenvolveu sua carreira era motivo para grande admiração em seu país, o que associado a sua longevidade, transformou-o em uma das pessoas mais queridas do país. “Quando ele estava no departamento de artes da Universidade Nacional de Taiwan, sempre foi muito ativo no cultivo da educação de base, projetando materiais educativos para aulas de arte”, conta o site Art in Asia.
Um passo de cada vez. O visionarismo de Chen tinha como principal objetivo o despertar das novas gerações para a arte, sempre buscando não atropelar as etapas e atentar-se para o desenvolvimento a longo prazo de talentos. “Ele dedicou toda sua vida à criação de obras de arte com um estilo único e grande valor estético. Seu trabalho desfruta de status e prestígio significativos, e escrevem uma página longa e célebre dentro da história da arte de Taiwan”, conclui o site Art in Asia. Semelhante ao que acontece com a história de outros artistas orientais, a história de Chen vem sendo contada aos poucos para o Ocidente, devido à escassez de material disponibilizado em idiomas de origem europeia, uma realidade que vemos mudar com a internet e o século XXI.