Uma das questões mais difíceis para os filósofos de todos os tempos foi estabelecer um conjunto explicativo e satisfatório sobre a hipótese da reencarnação. Pode se dizer, que até bem pouco tempo, o tema era integralmente visto com preconceito no ambiente acadêmico. Todavia, em nosso tempo, subjacente à concepção de dualidade entre alma e corpo e pensando na questão de como uma alma imaterial interage com um corpo físico, se encontra um coeso e revolucionário conjunto de conhecimentos que são uma forte artilharia contra a insatisfatória visão dualista – A Física Quântica.
O renomado Amit Goswami, PhD em Física Quântica, pesquisador e professor titular na Universidade do Oregon , propõe um novo paradigma científico, por ele denominado de “Ciência dentro do Primado da Consciência” para fornecer subsídeos a uma compreensão que conecta vida, morte, reencarnação e imortalidade dentro de uma unidade.
Em certo momento de seu hercúleo trabalho de unificar Ciência e Espiritualidade, foi jocosamente denominado de “místico” por parte da comunidade científica, mas, calou a boca de seus detratores, através de inúmeras publicações altamente técnicas que corrobararam plenamente com suas teorias.
Goswami, afirma ousadamente que a reencarnação pode ser explicada cientificamente, dentro da concepção de uma ciência calcada no primado da consciência. E vai além, afirmando que o modelo da nova Ciência, torna possível à inteligência humana avançar na busca da imortalidade e de uma compreensão mais satisfatória do fenômeno Ovni, que passa a fazer sentido dentro desse novo paradigma científico apresentado.
Para a Ciência convencional, toda a realidade está fundamentada na matéria. Tomando por base esse referencial cognitivo, a mente, a vida, e a consciência, seriam apenas um conjunto fenomênico desdobrado de sua matriz primordial – a matéria, portanto com a chegada da morte, todos os epifenômenos (fenômenos secundários), obviamente, cessariam. Temos, no entanto, que ressaltar que esse paradigma não apresenta suporte teórico consistente e satisfatório para explicar o surgimento da vida, da mente e nem da consciência. Nele,certamente, não há lugar para a hipótese da reencarnação.
Em muitas correntes religiosas da humanidade, não apenas no espiritismo, a reencarnação é admitida. Na cultura de muitos povos distintos e muitas vezes vivendo em épocas diferentes existiram e existem os chamados Livros dos Mortos ,com descrições extremamente semelhantes sobre a jornada da alma depois da morte. Muitas pessoas que passaram por E.Q.M. (Experiência de Quase Morte), fizeram relatos sobre o que viram e passaram, muito semelhantes aos que se encontram no famoso Livro Tibetano dos Mortos.
Em seu best-seller A Física da Alma, Goswami ressalta que, embora os cientistas convencionais afirmem que boa parte dos fenômentos relacionados a guias espirituais e anjos, seja subjetivo ou em certos casos, fraudulentos, eles representam por si mesmos, assim como também a mediunidade, anomalias dentro do mencionado paradigma materialista. Na verdade, muitos outros fenômenos anômalos estão encurralando a Ciência materialista. Momentos de mudanças aceleradas na evolução (evolução pontuada) foram detectados por biólogos evolucionistas, curas a partir de mudanças nos níveis de interação mente-corpo foram constatadas e relatadas detalhadamente por Deepack Chopra, médico adepto da medicina quântica.
Na nova visão científica proposta por Goswami, a matéria e tudo que dela deriva, incluindo os objetos que utilizamos em nossos afazeres diários, são instrumentos da Consciência. Nessa visão, o propósito da nossa vida individual, seria manifestar o potencial da Consciência descobrindo-se a si mesmo através de certos contextos vividos com plenitude e criatividade.
De acordo com Goswami, a realidade contextual que vivemos com a nossa personalidade é colapsada quando a contemplamos a partir do que ele chama de o “si mesmo quântico”, correspondente ao “Atman” dos hindus ou ao “Eu Superior” da gnosis ou simplesmente, ao Espírito na doutrina espírita.
Na Ciência do Primado da Consciência o nosso “ego” constituído pelo acúmulo de todas as memórias de nossas experiências ao longo do tempo, assim como, o nosso corpo físico são realidades colapsadas a partir da consciência, isto é, tornam se tangíveis, a partir do “Eu Quântico”. Os estudos da Mecânica Quântica sugerem que há um “princípio não local” que é transcendente ao tempo e ao espaço, que atua sobre objetos correlacionados mantendo-os interconectados mesmo quando estão separados por grandes distâncias.
Na “famosa” experiência de Física Quântica liderada por Alain Aspect em 1982, dois fótons correlacionados influenciaram-se mutuamente a distância, sem trocarem sinais. Poderíamos comparar este resultado com um par de dançarinos executando os passos de uma dança, com perfeita coordenação, harmonia e complementariedade, porém, com um deles presente em Goiânia no Brasil e o outro em Tóquio no Japão.
Na concepção de Amit Goswami, a consciência de um observador possui a capacidade de “colapsar” a realidade. Nesse contexto, vida e morte, espiritualidade e materialidade perdem o peso morto da dualidade e passam a ser encarados como nuances da consciência.
Algumas ideias de Goswami são apresentadas no filme Quem Somos Nós (What the Bleep do We Know?). Suas ideias bem fundamentadas e sua incansável busca de respostas para um número considerável de contradições inerentes ao dualismo matéria /espírito colocam o seu traballho em uma dimensão revolucionáriadentro do conhecimento – a espiritualidade, concebida não apenas pelo viés da mística, mas, de mãos dadas, definitivamente com a Ciência. Ciência dentro do primado da Consciência.