São tempos difíceis para a pesquisa e a cultura no País, que vivem um cenário de progressivo abandono e uma luta cotidiana para resistir a falta de recursos. Apesar da série de descasos pesquisadores e estudantes de cultura visual e artes continuam trabalhando na busca de cooperação e divulgação de seus projetos e pesquisas.
No sentido de divulgar projetos está em curso o II Seminário Internacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual (Sipacv). O evento começou ontem, 4 de setembro e segue até o dia 6. O seminário é uma realização do programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual (PPGACV), Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, sob a coordenação da professora Dra. Carla Luzia de Abreu (UFG) em parceria com o Instituto Escuela Nacional de Bellas Artes da Universidad de la República de Montevidéu, Uruguai.
O tema geral é “Fabricações e Acidentes Visuais”, com o objetivo de propor reflexões sobre visualidades que deslocam sentidos em reação ao cotidiano social. “A proposta do evento é pensar os discursos e as políticas das imagens intrínsecas, entendidas como articulações entre o que é produzido, visto, pensado, sentido e dito fora dos processos ‘naturalizados’ (e por isso não questionados), nos quais se compactam informações e se organizam as construções visuais cotidianas do social. Nesse contexto, entre as fabricações visuais, quantas vezes insurgem os acidentes? Aqueles eventos inesperados, que irrompem em meio às rotinas, ao previsível, mudando direções, alterando os tempos, redesenhando os mapas” expõe a organização sobre o tema.
A organização explica quais as reflexões o seminário pretende provocar no público: “O II Sipacv convida as pessoas a construírem seus próprios sentidos sobre esse tema. Um espaço fértil para reflexões, sem a pretenção de estabelecer interpretações fechadas sobre a arte, a imagem, as poéticas e as visualidades. Para isso, reunimos investigações nacionais e internacionais, sobretudo da América do Sul, relevantes e convergentes”.
O seminário foi organizado sob quatro eixos temáticos do seminário: Imagem, cultura e produção de sentido, Poéticas visuais e processos de criação, Culturas da imagem e processos de mediação e, Cultura viisual, educação e construção de identidade.
HISTÓRIA DO SIPACV
O evento foi realizado pela primeira vez no ano de 2000, com o objetivo de divulgar e fomentar diálogos e discussões sobre a produção docente e discente da Faculdade de Artes Visuais. A partir de 2003, em sua quarta edição, a realização do Seminário Local de Pesquisa em Arte e Cultura Visual ficou a cargo do Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual (PPGACV), recém implementado na Universidade Federal de Goiás (UFG) que, a partir de então, assumiu a responsabilidade de planejar e dar continuidade ao evento.
Em 2008, o evento se transformou em um evento nacional e incluiu programas de pós-graduação, pesquisadores(as), mestrandos(as) e doutorandos(as) do país, expandindo interlocuções e reforçando o debate sobre questões do campo da pesquisa em arte, poéticas e cultura visual.
Em 2017, o evento passou a ser internacional e foi realizado na cidade de Montevidéu, Uruguai, em parceria com Núcleo de Investigación en Cultura Visual, Educación y Construcción de Identidad (Ienba-Udelar). Na ocasião, estabeleceu-se que a realização do Seminário será alternada anualmente entre as cidades de Montevidéu (Udelar) e Goiânia (FAV/UFG). Assim, em 2018, o Seminário Internacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual acontece na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, entre os dias 4, 5 e 6 de setembro.
SERVIÇO
O quê: II Seminário Internacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual – “Fabricações e Acidentes Visuais”
Quando: 4 a 6 de setembro
Onde: Faculdade de Artes Visuais – UFG, Campus Samambaia, Goiânia/GO
Site: http://eventos.ufg.br/ SIPACV
NOTA DE PESAR DA ORGANIZAÇÃO DO SIPACV PELO MUSEU NACIONAL NO RIO DE JANEIRO:
Para além de um espaço de fabricações, um pilar da memória, história e cultura brasileira se esvai: Museu Nacional no Rio de Janeiro
Em uma época em que o Brasil é palco da luta pela garantia de direitos humanos básicos, uma das maiores referências e guardião da memória de nosso país, o Museu Nacional, se esvai, consumido pelas chamas literais do fogo e pelas chamas simbólicas do abandono.
O descaso com o patrimônio histórico, a cultura e a memória está nos relegando às profundezas do esquecimento, do atraso e da barbárie. Depois de perdermos o MAM, o acervo de Helio Oiticica, a Cinemateca Brasileira, o Museu da Língua Portuguesa, agora se perde a primeira instituição científica da história do país com um acervo de mais de 20 milhões de itens em seus 200 anos. Incinerado nosso passado, não há futuro.
A organização do II Seminário Internacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual está consternada com essa irreparável perda que sofremos, brasileiras e brasileiros. Um marco histórico indesejável e que deixa cicatrizes eternas.
Cabe a nós estarmos vigilantes, cobrando que responsabilidades sejam apuradas e não permitindo que outros espaços como o Museu Nacional sejam relegados à condição de refugo.