A marchinha psicótica de Dr. Soup ainda não virou hit nacional, porém não estamos nem perto de 2020 e mesmo assim a memória biográfica e musical deste camaleão intenso da música brasileira ganha mais um pilar de registro para os fãs. Dois jornalistas fizeram o trabalho minucioso de pesquisa, combinado com a sensibilidade de visualizar a obra musical e a vida pessoal do "Man" para presentear os fãs que desde 2015 se tornaram órfãos da psicodelia e experimentação de Júpiter Maçã.
Assinada pelos jornalistas Cristiano Bastos e Pedro Brandt, a biografia Júpiter Maçã: A Efervescente Vida & Obra (Plus Editora) repassa a trajetória do multifacetado cantor, compositor e multi-instrumentista Flávio Basso (1968-2015), músico gaúcho que integrou as bandas TNT e Cascavelletes e, em carreira solo, lançou discos com os pseudônimos Woody Apple, Júpiter Maçã e Júpiter Apple.
O livro, que foi lançado no início de setembro, traça a vida de Júpiter do nascimento à morte, passando por suas vitórias (uma irregular, porém cultuada carreira de rockstar – quase incomparável no Brasil) e tragédias (alcoolismo, paranoia, a morte precoce de seu único filho) com riqueza de detalhes, revelações e informações inéditas, e ainda farto material fotográfico (são, ao todo, quase 70 registros fotográficos, a maior parte raros ou inéditos).
Por meio de minuciosa pesquisa jornalística, realizada ao longo de quase três anos, os autores passam a limpo a obra do artista. Para tanto, os autores consultaram um vasto material composto por jornais, revistas, fanzines, livros, blogs, sites, gravações de rádio, vídeos de acervos particulares ou disponíveis na Internet. Trata-se do primeiro lançamento da porto-alegrense Plus Editora.
O trabalho biográfico foi complementado com entrevistas concedidas por dezenas de pessoas próximas a Flávio Basso, como familiares, amigos, músicos e amantes. A pesquisa levantou também um enorme acervo iconográfico, a altura da complexidade deste artista mutante e prolífico, com fotografias, cartazes, panfletos e cartas, entre outros itens relativos a todas as fases de sua trajetória.
A foto da capa é da fotógrafa Fernanda Chemale e captura Flávio Basso no auge de sua juventude, aos 20 anos, nos Cascavelletes. A arte do livro é assinada pelos artistas Guilherme Dable e Letícia Lopes.
“Construímos uma verdadeira teia de informações que parte do personagem principal e passam por diversos outros que, aparentemente, não têm ligação com Flávio Basso, deixando a condução da narrativa muito mais interessante e rica em conteúdo”, explica Cristiano Bastos, também autor dos livros Gauleses Irredutíveis e Julio Reny – Histórias de Amor & Morte.
Pedro Brandt complementa: “Encaramos Flávio Basso como uma das maiores figuras do rock brasileiro, não apenas por sua obra – criativa, plural e repleta de grandes canções, muitas delas possuidoras de um tremendo poder de comunicação –, mas por todas as histórias que o circundam”.
PARA OS FÃS
Em meados deste ano o músico foi referenciado pelo selo goiano Monstro Discos, que relançou em vinil duplo de 180g o seu primeiro disco em carreira solo: A Sétima Efervescência. Esse álbum é certamente um dos mais cultuados pelos fãs da obra de Júpiter Maçã, que gerou clássicos do rock psicodélico e experimental brasileiro como: Um lugar do caralho, Miss Lexotan, Eu e minha ex e essência interior.
O lançamento desta obra em vinil foi um verdadeiro presente para fãs do músico gaúcho, uma vez que originalmente essa obra prima da lisergia tropical só havia sido circulada em formato de CD. O disco de luxo teve versão comum e uma em vinil azul, ambas duplas e com encarte. Uma cereja no bolo para coleções de amantes do som analógico e quem nutre nostalgia por esse clássico dos anos 90'.