A dotar um animal é desvincular a relação com o bichinho de uma transação comercial, é puro amor. Mas como todas as formas de amor, ser tutor de um animal requer responsabilidade. Há pessoas que comparam a tutela animal a ter um filho, os tais “mães/pais de pet”, mas obviamente existe uma certa diferença entre crianças e bichinhos, se você deixar seu filho pequeno sozinho em casa, mesmo que tenha ração no pote, talvez o Conselho Tutelar seja acionado, com cães e gatos isso não acontece.
Os animais são afligidos por muitos problemas, como abandono e maus tratos, estas questões envolvem primordialmente a conscientização. “É preciso despertar as mentes e o envolvimento sentimental das pessoas, coisas que o dinheiro não compra, necessitam ser conquistados através de um trabalho sério e responsável, caracterizado pela transparência e credibilidade” explica a galera do Animalivre, grupo que promove ações de conscientização sobre responsabilidade com os animais.
Divulgar os princípios da posse responsável e estimular a adoção é um excelente caminho, permitindo que cada vez mais pessoas tomem conhecimento das ações que estão sendo desenvolvidas pelos verdadeiros protetores dos animais. Os resultados são sempre muito positivos e incentivarão o exercício da cidadania.
A Animalivre informa que o abandono animal está aumentando no Brasil: “inclusive raça pura e pedigree já foram garantia de conforto e bons tratos para cães e gatos, não são mais”. Atualmente, 30% dos bichos abandonados tem raça definida.
“Os motivos para o abandono variam muito. Pode ser ocasionado pela mudança de casa ou o envelhecimento do animal ou simplesmente porque a pessoa descobre que não tem condições e nem disposição para criá-lo”, lamenta Vininha F. Carvalho editora da Revista Ecotour News.
A aplicação de uma política nacional que vise controlar a superpopulação, implantando leis que especifiquem as responsabilidades do tutor, somada a um eficiente trabalho desenvolvido pelos Centros de Controle de Zoonoses, aumentaria e muito a qualidade de vida para os animais.
O Animalivre alerta que as pessoas que adotam os animais abandonados devem estar cientes que precisam oferecer uma condição de vida digna a ele: “Resgatar os animais, sem poder oferecer a eles uma qualidade de vida, envolvendo: atenção, higiene, cuidados veterinários, alimentação saudável e principalmente espaço para eles se movimentarem, não é uma atitude correta. Antes de levar o animal para a casa é preciso estar consciente que ele estará criando uma dependência de seus cuidados e que não poderão ser rejeitados nunca mais.”
O adotante precisa saber que o animal necessita ser protegido, sem perder a identidade. Jamais deve-se amontoar animais em casa, como se eles fossem seres inanimados, Eles precisam se sentir bem no local, caso contrário podem ficar doentes ou muito agressivos. É preciso respeitar a liderança criada entre eles, tudo precisa ser muito bem planejado, para evitarmos que uma ação que parece ser muito bem intencionada se transforme num sofrimento devido a brigas constantes.
Existem milhares de animais à espera de uma chance. Uma chance de encontrar comida, um teto, saúde e carinho. Enfim, de encontrar uma família, que possa tratá-los com respeito e dignidade.
RECANTO DOS PIT BULLS
O Recanto dos pit bulls é um projeto que tem a missão de defender, proteger, promover a posse responsável e a desmistificação da raça. “Promovemos a adoção responsável dos nossos cães, sob triagem, apenas para Goiânia e região metropolitana” informam. “Pit Bull é uma raça muito estigmatizada, vista como violenta, mas tem a ver com a criação, exposição à violência e maltrato” diz Mara Najar que adotou um cão deste projeto. O lindo animal se chama Johnny e é alegria de sua tutora.
O LINDO JOHNNY
O Recanto dos Pit Bulls foi criado em 2013 para abrigar 57 cães que supostamente eram utilizados em rinhas em Aparecida de Goiânia/GO. Após quase um mês de espera, a Justiça autorizou a retirada dos cães, que estavam caquéticos, e sua guarda provisória foi concedida ao Hammã Protetores de Animais. Começava a história do Recanto.
“Um batalhão de voluntários se revezou para arrumar o espaço para receber os cães e, após 40 dias, eles já mostravam nítidos sinais de melhora, embora muitos carreguem consequências para sua saúde desse período negro, pra sempre. Depois de um ano de batalha judicial requerendo a guarda definitiva dos cães, o Recanto dos Pit Bulls enfim ganhou a causa, após o ex-”dono” dos cães abrir mão da guarda deles em razão de um acordo judicial” conta a organização do projeto.
Hoje o Recanto abriga, além dos animais resgatados nessa ação em Aparecida de Goiânia, também alguns cães que estavam no Centro de Controle de Zoonoses de Goiânia (CCZ), outros que já estavam sob a tutela do projeto Hammã e mais alguns que foram resgatados das ruas, vítimas de abandono e maus tratos. Atualmente há, no local, mais de 60 cães.
O Recanto não tem ajuda governamental e é mantido exclusivamente por doações de pessoas comuns, que simpatizam com a causa. Todos os cães resgatados passam por tratamento, reabilitação, socialização e, quando aptos, são colocados para adoção responsável.