Sabe aquele almoço de domingo, na casa da vó ou da tia, que algum parente sempre pega no seu pé pelo curso da faculdade e ainda solta um “Bolsonaro 2018”?! Pois é, eu não sei vocês, mas tem muita gente na minha família que nem se liga nos perigos dessa crescente onda conservadora, da intervenção no Rio, do judiciário intervindo na política e ainda acha “ótimo para a economia” muitas das propostas do governo.
O problema é que a galera fala muito e se informa pouca. E quando eu digo se informar eu não estou falando de só assistir a um telejornal ou ler algum impresso da grande mídia. Por favor né, a gente já está cansada de saber que a grande mídia tem seus interesses em primeiro lugar. Eu estou falando é de ler, ver e ouvir opiniões diversas, pontos de vistas diversos, argumentos opostos para então você tirar suas próprias conclusões.
Muito se discutiu, e ainda se discute, sobre a reforma da previdência e a reforma trabalhista e sua necessidade para controlar as contas do país. Ok, a gente sabe que essa não é uma boa saída, mas aquele parente reaça não vai ficar ouvindo seus argumentos, não importa qual cânone da economia ou da ciência política você traga para a discussão. O papo tem que ser reto e rápido, chamar a atenção para depois você desenvolver melhor o debate. Pensando nisso, a gente traz alguns fatos e pontos bem interessantes para você tentar fazer um reaça começar a entender como o “buraco” dessas reformas é bem mais embaixo do que a gente imagina.
Em 2017, uma medida provisória lançou o Refis, o programa de refinanciamento de dívidas de contribuintes para com a união. Podiam aderir pessoas físicas ou jurídicas, até mesmo com dívidas previdenciárias. O objetivo da equipe econômica do governo era gerar receita e descongelar despesas. Para os que aderem ao Refis, há várias maneiras de parcelamento, em especial se o contribuinte pagar pelo menos 20% da dívida tributária a vista, o que também influencia nos descontos concedidos (que variam de 50 a 90%, em média – enquanto multas ficam entre 25 e 50%) e abatimento de juros (que podem chegar a 90%). Ou seja, melhores condições para os devedores.
Junte a isso o fato de que bancos e fabricantes de cerveja, seguido de empresas do setor automotivo, tiveram os maiores abatimentos de suas dívidas no Refis. Segundo a própria Folha de São Paulo, as mil maiores dívidas inscritas no Refis obtiveram descontos que chegam a um terço do total, o equivalente a 11,7 bilhões...Isso mesmo meus caros, quase 12 bilhões. Bancos como o Itaú e o Santander abateram mais da metade de suas dívidas. Ambev e a Heineken também conseguiram tais níveis de descontos. No setor de alimentação, as empresas JBS (é essa mesmo que você está imaginando), Marfrig e BRF, que devem juntas quase 5 bilhões em pendências tributárias, conseguiram 34% de desconto. E empresas que optaram por quitar as dívidas em menos parcelas, conseguiam descontos ainda maiores, valendo até mesmo para multas e mora.
Então, a pergunta que fica para os parentes reaças pensarem é: será que os problemas no cofre do governo é mesmo culpa da CLT e da Previdência?