Durante sua carreira de mais de meio século, o artista suíço Ignaz Epper dedicou-se à pintura, ao desenho e às artes gráficas. Fazia ilustrações expressionistas em carvão e giz, dedicando-se especialmente ao efeito das luzes. Suas xilogravuras (estampas obtidas através desenhos talhados em madeira) também tornaram-se bastante conhecidas, ganhando atenção especial de críticos de arte de hoje e do passado. A violência e o sofrimento são temas recorrentes em sua obra, uma consequência de sua vivência nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Suas imagens apresentam principalmente questões de cunho social e religioso, mas também podemos encontrar paisagens, nu feminino, natureza morta e inúmeros retratos.
Epper nasceu no dia 6 de julho de 1892 na cidade suíça de São Galo. Passou a infância e a adolescência em situação modesta. Formou-se desenhista de bordados entre 1908 e 1912 numa escola de design de sua cidade natal, onde começou a trabalhar como designer em uma empresa. No ano seguinte, foi enviado por seu chefe para Berlim, onde foi encarregado de criar esboços para moda. Em seu tempo livre, gostava de registrar suas impressões da cidade grande. Nesta época, decidiu definitivamente viver de arte, contrariando os desejos de sua família. Determinado, largou o emprego e partiu com o amigo Sebastian Oesch em uma viagem de vários meses entre as cidades de Munique e Weimar.
Assim que seus desenhos começaram a ganhar visibilidade, Epper voltou para a Suíça, onde recebeu uma bolsa de arte patrocinada pelo governo federal. De volta a seu país natal, começou a trabalhar com xilogravuras. No fim de 1913, deu início aos estudos em litografia na cidade de Zurique. Seis meses depois, foi chamado para o serviço militar, em meio à deflagração da Primeira Guerra Mundial. Sua convivência nos campos de batalha influenciou permanente sua visão de mundo. Epper sentiu-se artisticamente desafiado com os eventos que presenciou durante a Guerra. Criou muitas obras em seus momentos de descanso. Tais trabalhos são considerados verdadeiros testemunhos de seu incansável empenho artístico diante dos tempos difíceis.
SUCESSO
Em 1916, conheceu em Zurique o comerciante de artes Hans Coray, o primeiro a reconhecer e promover a alta qualidade de sua obra. No mesmo período conheceu Fritz Pauli (1891–1958), com quem trocou experiências e palpites por longas décadas. Em 1919 casou-se com a holandesa Mischa van Ufford. Fixaram residência em Zurique, depois se mudaram definitivamente para Ascona, uma pequena comuna no sul do país. Em sua nova morada, participava regularmente de exposições e frequentava os ambientes do ciclo artístico. Mesmo tendo se fixado em Ascona, continuou a viajar para vários países.
“Uma das características de seu estilo são as formas simples e distorcidas e seu envolvimento com o corpo humano”, descreve o site Kunsthandel. A página ressalta ainda o cuidado que o artista dedicava ao contorno dos ossos.
Nos anos próximos a sua morte, Epper já não trabalhava suas pinturas com o mesmo entusiasmo e vitalidade do início de sua carreira. No dia 12 de janeiro de 1969, ele cometeu suicídio, aos 76 anos. Sua contribuição mais reconhecida à história da arte suíça são os trabalhos em madeira, confeccionados principalmente de 1913 ao início dos anos 1920. Na fase mais criativa de sua vida, apresentava obras de cunho expressionista – movimento artístico que começou a ganhar força na primeira década do século XX. Diferentemente do estilo agressivo dos expressionistas alemães, Epper ajudou a difundir na Suíça uma espécie de “expressionismo intimista”, que tornou-se uma característica predominante em obras do gênero no país.
Outra opinião sobre o artista e sua obra pode ser encontrada no site da Galeria Widmer. “Seja recriando uma cena bíblica, de guerra, de grandes cidades ou mesmo de um simples cavalo, a expressividade de seus quadros sempre imprimiram sua assinatura, que vai do sofrimento humano à esperança redentora. As figuras humanas naturalmente dominam sua obra, pois ao longo de toda sua vida conviveu de perto com aqueles que eram considerados fracos ou vítimas. O choque visual proporcionado por seu trabalho elevou seu nome e marcou permanentemente a história do expressionismo e da pintura na Suíça e no mundo”. Atualmente, Epper é considerado uma peça essencial para o desenvolvimento do expressionismo, e com o passar dos anos, sua história e sua técnica espalham-se pelo mundo através da internet.