No dia 29 de outubro de 1810 começou a ser construída a Biblioteca Nacional do Livro pela coroa portuguesa. Assim, na mesma data foi instituído o Dia Nacional do Livro. 208 anos depois dessa ocasião, ainda é um desafio contagiar jovens, crianças e adultos com o hábito de ler. Segundo a última edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, desenvolvida em 2016 pelo Instituto Pró-livro, mais da metade da população do País se considera leitora. No entanto, apenas 2,43 livros são lidos inteiros por ano por esses leitores brasileiros.
A pesquisa revelou ainda que 77% dos entrevistados gostariam de ter lido mais e 43% alegaram não ler mais por falta de tempo. Para operários do canteiro de obras do Persona Bueno By Brasal, empreendimento da Brasal Incorporações, a falta de tempo para buscar os livros não é mais desculpa para desenvolver o hábito da leitura. Desde fevereiro deste ano, a empresa montou o Cantinho da Leitura, que conta com 65 títulos entre livros, revistas e gibis que ficam a disposição dos 230 funcionários da obra.
A biblioteca, que pode ser usada durante os intervalos de almoço e lanche, conta com sofás, estantes e mesas construídas por materiais reaproveitados da própria edificação. “As obras são doações da empresa e dos funcionários e o cantinho foi implantado com intuito de levar incentivo à leitura aos funcionários nos seus horários de descanso. O espaço na hora do almoço nunca está vazio, sempre tem duas ou três pessoas concentradas na leitura”, conta a técnica de segurança da Brasal Incorporações, Cacia Gonçalves.
Os livros preferidos dos funcionários seguem o fluxo dos best sellers brasileiros e os mais lidos são os exemplares de auto-ajuda, de Augusto Cury, e os religiosos, especialmente os de autores católicos, como do Padre Marcelo Rossi, e da espírita de Zíbia Gasparetto. Mas ressalta que os clássicos, de Carlos Drummond de Andrade, também atraem os leitores.
O importante, de acordo com Cacia, é que independente do gênero escolhido, a biblioteca tem trazido resultados positivos. “Com a chegada do cantinho dedicado aos livros, notei que a leitura de alguns funcionários melhorou demais”, afirma.
LEITORA ESFORÇADA
A auxiliar de serviços gerais, Silvanete de Sousa, 33 anos é uma das leitoras mais assíduas do cantinho. “Sempre passo meu horário de almoço lendo e no final do dia, quando tenho que esperar meu marido fazer horas extras, também corro para biblioteca”, explica.
Filha de pais analfabetos, Silvanete recorda que o interesse pelos livros começou na infância, época em que morava no Maranhão. “Quando aprendi a ler fiquei boba (risos). Tinha muita vontade de ler e me achava muito importante quando aprendi. Ensinava para as minhas primas que tinham menos facilidade”, recorda ela que teve de abandonar os estudos aos 17 anos quando engravidou.
Enquanto ela não retorna às aulas, é nos livros que encontra, além de sabedoria, equilíbrio. “Lendo me sinto mais serena. E sou muito curiosa, leio de tudo. Não gosto de um estilo só. Se a capa me interessou, eu leio mesmo, de auto-ajuda à ficção. Tenho muita vontade de aprender”, conta.