A palavra continuum, derivada do latim, representa uma gama de acontecimentos em sequência que conectam-se entre si do início ao fim. Juntos, todos esses eventos esboçam a ideia de continuidade. O termo, que dá nome a atual exposição do artista plástico britânico Marco Crivello, é também uma ótima definição de sua personalidade artística. A Galeria Hicks, com sede em Wimbledon, Londres, exibe desde o dia 27 de setembro a mostra Continuum, que traz a evolução da arte de Crivello em 30 anos de carreira. “Seu trabalho explora como os processos materiais que dão forma ao nosso mundo podem ser levados ao estúdio no intuito de criar encontros entre acaso e intenção”, explicam os curadores da casa, no site da Galeria.
Através de materiais variados – como óleos, spray de tinta, sal, acrílico e folhas de ouro holandês – Crivello convida o público a observar produtos que transportam para um status de gênese contínuo, onde o presente sólido nunca existe, e as transformações são constantes. “Momento a momento, é praticamente impossível não ser seduzido por modelos do passado, um vasto acervo de memórias visuais, gestos aprendidos e tendências instintivas, reforçadas pelo uso habitual. Isso constitui e define um tipo natural de conhecimento, uma síntese vital de qualquer disciplina”, declarou o artista ao site Four Square Fine Arts. Ainda segundo o veículo, Crivello tem buscado inspiração para criar arte em formato circular, fugindo dos tradicionais retângulos, que remetem à linha do horizonte.
“A força da forma circular influencia o desenvolvimento da composição”, explica o site. “Desse modo, existe um foco na atividade e nos processos contidos na pintura, levantando ainda questões sobre como observamos uma paisagem”. A plataforma circular, no entanto, não é um fator limitante para o artista, que recentemente lançou a série Ressonance, em formato retangular. A entrega da obra à aleatoriedade dos acontecimentos, que transformam o nada em algo, também é uma das técnicas aplicadas por Crivello, como expõe o site da Galeria Hicks. “[O artista] procura maneiras de criar espaços vazios nos quais o inesperado possa fluir, tornando evidente um mundo em fluxo, onde até mesmo a matéria mais estável se move, interconectada ao longo de um continuum”.