No Dia Internacional da Dança, a bailarina transgênero Makayla Sabino, que é dançarina da cantora Anitta, conta que só aprendeu a dançar três anos antes da apresentação no Rock in Rio de 2019 e, apesar de ter alcançado esse patamar tão jovem, ela afirma que na infância era proibida de dançar pelo pai e que, a dança se tornou realidade em sua vida a partir dos 15 anos.
“Sempre quis fazer balé, mas meu pai não aceitou que eu fizesse coisas relacionadas à arte”, afirma ao iG Queer. Makayla, que começou a frequentar aulas de teatro e aprender sobre dança afro-brasileira, e mais tarde expandiu para o universo do balé e hip hop.
Após o show no Rock in Rio, a bailarina postou um vídeo nas redes sociais, emocionada. “Acredite nos seus sonhos porque sonhos se realizam de verdade”, disse Sabino que, se tornou bailarina de Anitta e da MC Rebecca.
“Trabalhar com essas artistas acaba impondo um certo respeito porque estamos em um patamar alto e indica qualidade no nosso trabalho. Mas também é de uma importância imensa de representatividade ter pessoas fora do padrão normativo ocupando esse espaço”, afirma Makayla.
Ela conta que desde que aprendeu a dançar, decidiu fazer disso sua profissão, e que foi muito inspirada pelas danças do movimento ballroom (ou cultura de baile e ainda ball culture), conhecido como um dos grandes símbolos de resistência LGBTQIA+ .
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“O ballroom foi de extrema importância na minha vida e me formou como mulher, como humana, como artista. Foi quando eu vi que estava tudo bem em ser diferente”, diz.
Segundo Makayla, sua relação com a dança é de amor e ódio, porque apesar de amar o que faz, ela se diz muito perfeccionista e, mesmo nos momentos difíceis, a dança é o que a faz viver.
“Me pego pensando nos momentos em que não estou dançando e é onde eu me sinto mais triste e vazia. A dança preenche a minha alma. A partir do momento que me levanto da cama até a hora em que vou deitar, estou dançando”, afirma.
Segundo a dançarina é inegável que a dança também possua um papel de resistência. “Todo tipo de arte é uma forma de resistir. É dançar que me dá força também para resistir. Sinto que sou um corpo militante por meio dela”, explica.
Apesar de ser uma bailarina bem sucedida, ela conta que ainda enfrenta transfobia e, no último mês, junto de sua mãe e irmãos, foi expulsa pelo senhorio da casa em que viviam, no Rio de Janeiro. Em um vídeo que postou nas redes redes sociais, a artista conta que foi ameaçada pelo homem, que se recusou a chamá-la pelos pronomes “ela” e “dela”.
“Eu nunca lidei com esse tipo de coisa de uma maneira ‘normal’. Sempre corri atrás do meu direito de respeito, questionei, levantei pauta, corri atrás de justiça e corrigi a pessoa”. Nunca abaixei a cabeça para nenhum tipo de preconceito, seja perante um trabalho ou à minha condição física”, afirma Makayla.
A dançara ressalta a importância de se ter cada vez mais, pessoas trans e travestis ocupando espaços grandes e representando suas comunidades. “Tem muitas pessoas que ainda acham que nós não somos normais. Para mim, elas é quem são anormais. Para mudar isso precisamos estar presentes”, completa.