A bravura e destreza da população nordestina foi consagrada na região amazônica pelo dia 08 de outubro de 1942, tomado como o Dia do Nordestino na Amazônia. A data corresponde ao registro da
última e principal corrente migratória dos nordestinos, que vieram rumo ao trabalho e melhor qualidade de vida, instituindo sua importância histórica e econômica à região e ao Estado do Amazonas.
O sociólogo Francisco Canindé Marinho, nascido em Natal (RN) reside em Manaus (AM) há 30 anos, presidente da Associação Recreativa dos Nordestinos no Amazonas (nome de fantasia - Grupo Uniao e Trabalho) e Instituto Renascendo, ex-professor da UA, SEDUC, SEMED, especialista em
dependência química e projetos, prestando consultorias e assessorias. Em alusão à data, destaca mais sobre o início da migração nordestina à Amazônia.
Migração dos nordestinos à Amazônia
“Tivemos uma importância muito grande, em especial naquela relacionada à extração do látex/borracha. Nesta data, aproximadamente 60 mil migrantes nordestinos vieram rumo à Amazônia, estabilizando-se principalmente nos estados do Acre e no Amazonas, atraídos pelo sonho
de uma vida melhor. Naquela época estava ocorrendo uma seca muito grande no Nordeste, o que motivou a migração”, lembrou o professor.
Importância econômica
A migração dos nordestinos à Amazônia é integrante de um dos principais momentos econômicos do Amazonas, a época da borracha, onde foram também protagonistas do desenvolvimento deste período.
“Como o Brasil tinha um acordo dos aliados para a Segunda Guerra Mundial, coube ao país a questão da utilização da borracha para manter os instrumentos bélicos durante a Segunda Guerra. A partir da borracha eram construídos sandálias, coturnos, capacetes, e o nordestino, por
corresponder, na época, a uma mão de obra barata, protagonizou também o desenvolvimento deste período”, afirmou Marinho.
A luta pela sobrevivência foi o ponto alto da estadia dos nordestinos na Amazônia. “Eles eram chamados arigós porque eram arredios. Se embrenhavam nas matas e ganhavam pelo que produziam. Muitos morriam na mata, comidos por onças, ou por não conseguirem alimento para sobreviver no local. Os sobreviventes foram chamados de ‘soldados da borracha’”, disse.
Conforme o sociólogo, com a presença dos soldados da borracha, a economia do Amazonas foi estabilizando-se. “Após a Segunda Guerra Mundial as economias foram se arrumando. O grande beneficiado foi o Amazonas, que se refugiou na economia em decorrência do ciclo da borracha. E os arigós depois foram fundando bairros, como o Alvorada, Aparecida, e a origem destes bairros é retrato desta época”, lembrou Canindé.
Folclore amazônico sob influência do nordestino
O folclore amazônida também possui fortes influências dos migrantes nordestinos, segundo Marinho “O folclore se disseminou muito rápido, porque a diversão dos arigós era a dança. Com saudade dos seus ancestrais, eles defumavam a borracha e ela formava uma belota (uma espécie de bola).
Depois se formava um couro, e, a partir disso, um tambor, um instrumento rudimentar. Eles batiam no tambor fazendo um som semelhante ao ‘bum-bá’, enquanto um ficava mexendo com o boi. Não se pode dizer que o atual formato do boi bumbá no Amazonas é nordestino, até por ter adotado, com
o tempo, conjecturas diferentes. Mas com certeza o nordestino também é precedente desta cultura”, comemorou o ex-professor.
Renomes do Nordeste na Amazônia
Entre os soldados da borracha, Marinho destacou o saudoso Clóvis Barreto, fundador do Sindicato dos Seringueiros no Amazonas, como um dos precursores da importância do nordestino na Amazônia. Além do Clóvis, temos grandes empresários e políticos aqui na região, como o Mario Porto (Casa Canarinho), Jaqueline (vereadora em Manaus) e o ex-governador Eduardo Ribeiro que também era nordestino. Os armazéns perto do Mercadão são marcos da importância empresarial dos nordestinos e descendentes, e muitos descendem dos soldados da borracha”, bem como os prestamistas (vendedores porta a porta).
Estimativa populacional
Conforme o sociólogo, a população residente no Amazonas é composta por um percentual expressivo de nordestinos e/ou descendentes de nordestinos. “Mas, segundo estudos mais recentes, tem diminuído o número de nordestinos legítimos, por conta da miscigenação.
Espaço Nordestino - encontro de raízes culturais, que vai funcionar 24 horas com opções de entretenimento, negócios e lazer, e trará toda a história do princípio nordestino no Amazonas”.
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