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Bruno Oliveira tinha apenas 12 anos quando pediu ao pai para levá-lo à quadra da Acadêmicos do Tucuruvi, em 1993. Foi nesse momento que ele se encantou com o universo vibrante do samba, marcado por cores, tecidos, pedrarias e plumas. No ano seguinte, fez sua primeira fantasia para uma amiga que participaria do concurso de rainha de bateria da escola X-9 Paulistana. Desde então, não parou mais.
Hoje, aos 40 anos, Bruno é proprietário de um ateliê localizado na Vila Guilherme, onde produz cerca de 200 fantasias exclusivamente para o Carnaval. O estilista assina os figurinos de 13 casais de mestre-sala e porta-bandeira de 14 escolas do Grupo Especial de São Paulo, além de musas, destaques e rainhas de bateria. Ele também é o responsável pelos figurinos de algumas das principais estrelas da folia carioca, como a atriz Paolla Oliveira, da Grande Rio.
Ano passado, Bruno foi o criador da famosa fantasia de onça de Paolla Oliveira, que se tornou um dos maiores destaques da Sapucaí. "Ela veio com várias ideias, e eu tinha pensado em outras situações. Conversamos muito até que surgiu a onça. Foi um sucesso, né? Sou apaixonado por aquela fantasia", revela o estilista, que atualmente trabalha nos últimos ajustes para o figurino deste ano. O tema da agremiação é "Pororocas Parawaras – As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós", que celebra a cultura e a natureza da Amazônia.
Embora não revele detalhes sobre a nova fantasia, Bruno destaca a importância do fator surpresa no desfile da escola, marcado para terça-feira (4). "Não posso contar nada sobre a fantasia, mas está incrível. A Paolla é uma rainha que se entrega muito. Ela acompanhou todo o processo e veio várias vezes a São Paulo para provar a roupa e ficar deslumbrante. E ficou", garante.
Bruno é conhecido por sua discrição e afirma que não tem um figurino preferido. "Não uso preto de jeito nenhum, mas, nas fantasias, utilizo todas as paletas de cores", comenta. Ele também explora uma variedade de materiais em seus projetos. "Fiz um look com descanso de pratos. Sousplat vazado com um rendado de arames dourados. Gosto de usar tudo porque, para mim, o que não pode faltar na roupa é a personalidade, é a identidade da pessoa", explica.
O estilista acredita que seu trabalho é um processo de criação em parceria com o cliente. "O meu processo de construção é muito de troca com o cliente, e se não me apaixono pelo figurino, não tenho coragem de marcar a prova", afirma. Com uma equipe de 45 pessoas, Bruno se recusa a fazer permutas (quando um profissional veste uma celebridade em troca de posts nas redes sociais) e mantém em sigilo o valor cobrado pelas fantasias. "É uma questão de privacidade, e o mesmo acontece com os looks. Ninguém vê o figurino do outro, nem pergunta, porque sou muito sério no que eu faço. Não abro esse precedente", ressalta.
Ao ser perguntado se aceitaria se tornar carnavalesco de uma escola de samba, Bruno foi direto: "Já tive alguns convites e preferi me dedicar ao meu, mas quem sabe no próximo Carnaval, eu já assine um enredo? Iria conseguir inserir todas as minhas loucuras e invencionismo".
