Filme de rostos
Redação
Publicado em 5 de março de 2018 às 23:49 | Atualizado há 7 anos
Lançado há mais mais de 30 anos, Paris, Texas permanece uma joia bruta do cinema, possivelmente a obra-prima máxima de Wim Wenders, alemão que tanto se encantava pela imensidão existencial das paisagens do oeste norte-americano.
Fez aqui um filme muito dolorido, mas também encantador, sobre um homem à deriva que aos poucos tenta se reencontrar. Este resumo pode parecer genérico, mas poucos filmes conseguiram elaborar tão bem o seu peso, assim como o rosto perdido de Harry Dean Stanton, uma paisagem por si só. Pois Paris, Texas é definitivamente um filme de rostos. Rostos que se encaram sem se ver, e no cinema um rosto bem filmado pode vir a ser muito mais que face humana.
No começo de Paris, Texas, o rosto de Harry Dean Stanton surge tão poderoso e direto quanto o imenso horizonte texano, pedaço geográfico de forte herança cinematográfica (John Ford e todo um western atrás dele) que Wenders filma com respeito.
Nastassja Kinski é o outro rosto intenso do filme, mas aqui não convém entrar em maiores detalhes. É preciso vê-la na tela, no momento certo, quase uma miragem.
Rever um clássico no cinema é oportunidade de procurar no largo campo da tela algum detalhe que ali pode se tornar agigantado, um elemento a ganhar na imagem dominadora (enorme, imponente, exclusiva) o seu devido lugar na memória. Não importa quantas vezes já visto, algum elemento terá sua força redobrada, capaz de pulsar por toda a lembrança do filme.
SINOPSE:
PARIS, TEXAS (1984, EUA, 139 min, 12 anos, dir: Wim Wenders)
Travis Henderson (Harry Dean Stanton), um andarilho que estava sumido havia quatro anos, precisa se reconectar com a sociedade, consigo mesmo, sua vida e sua família, para enfim tentar ficar em paz com seu passado.
SERVIÇO:
Dia: 6/03, terça-feira
Horário: 17h30
Local: Cine Cultura, no interior do Centro Cultural Marieta Telles Machado, prédio que fica dentro da Praça Cívica
Entrada Franca