Crise no casamento, relações desgastadas e uma família a zelar, a mulher carrega um peso nas costas ao ter que 'fazer mágica' para 'dar conta de tudo', mas a troco de quê? Será que vale à pena sustentar uma relação apenas pelos filhos ou pelo comodismo? É sobre este tema que a atriz Mônica Martelli trata em sua peça "Minha vida em marte", que estará em cartaz em Goiânia e Anápolis neste fim de semana.
A peça estreou em 2017 e já levou mais de 300 mil pessoas aos teatros, mais tarde, a peça virou filme e Mônica contracenou com Paulo Gustavo (Aníbal), seu melhor amigo no filme e na vida real. A produção cinematográfica venceu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2019, na categoria 'Melhor filme de comédia', e levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas.
No enredo, a atriz interpreta a personagem Fernanda, que está casada há oito anos e enfrenta problemas conjugais, além da falta de libido e acúmulo de mágoas de um relacionamento. E são nas sessões de análise que ela revela questões íntimas como as dúvidas sobre o casamento e a tentativa de 'reacender a chama' que se apagou.
O Diário da Manhã conversou com Mônica Martelli, que contou sobre os detalhes da peça e como experiências pessoais a levaram a criar "Minha vida em Marte".
Ela conta, por exemplo, como sua personagem, Fernanda, encara a vida com o medo da separação e dos julgamentos da sociedade machista.
"Com certeza há uma enorme carga em cima das mulheres. Na peça, a Fernanda está lutando contra o medo da separação, o medo da solidão, o medo de ressignificar sua vida numa sociedade machista onde a mulher não tem permissão para envelhecer", conta.
Foto: Reprodução/Camila Cara
Por separação ser um acontecimento dramático na vida de uma mulher, Mônica, com seu dom artístico, conseguiu trazer leveza para um assunto tão delicado. "Eu me inspirei em minhas experiências e, para escrever com humor, precisei de um tempo entre o que vivi e o momento de colocar tudo no papel e depois no palco. Só depois de anos separada pude ter o distanciamento necessário para escrever essas dores com leveza e muito humor", continua.
Perguntada sobre o que Mônica e Fernanda têm em comum, a atriz é certeira: "Eu e a Fernanda nos completamos. Tem muito de mim na Fernanda e muito da Fernanda em mim. Posso te responder dizendo que tudo o que está na peça foi vivido, sentido e é verdade".
Sua peça anterior a essa, "Os homens são de marte e é pra lá que eu vou", a levou a fazer a continuação para que o público veja, se identifique e reflita sobre "como são as angústias, alegrias, encontros e desencontros que passamos num casamento, as dificuldades de manter uma relação saudável depois de anos".
Uma história que milhões de brasileiras vivem e se sentem representadas, principalmente quando se veem diante de um casamento que praticamente não tem mais solução.
"Quando a gente casa a gente deseja que dure pra sempre, apesar de racionalmente sabermos que a vida é feita de ciclos e que tudo tem início, meio e fim – mas ninguém casa pra se separar. A personagem luta para manter o casamento mas nem sempre dá certo. É a história da vida real e eu sempre quis contar essa história", afirma.
Foto: Reprodução/Camila Cara
Fernanda se tornou um símbolo para muitas mulheres, e a atriz comprova isso ao afirmar que há uma identificação enorme do público com a personagem.
"Acho que o que tornou a Fernanda uma voz para as mulheres foi o fato de ela se mostrar sem medo. Todas as suas emoções. A Fernanda mostra seus sentimentos mais verdadeiros. Suas angústias, suas expectativas, suas alegrias. A verdade é que torna a Fernanda uma mulher como todas as outras. A identificação das pessoas é imediata, das mulheres e dos homens também", diz.
Em relação ao sucesso da peça, Mônica afirma que "o sucesso tem relação com a identificação que a peça traz. Todo mundo passa pelos mesmos dilemas. O diferencial é a forma como esses dilemas são apresentados".
A peça virou filme, porém há uma diferença entre os gêneros, e a atriz ressalta que o teatro é a casa do ator.
"A diferença é que no teatro eu narro todas as histórias. E no filme e na série todos os personagens que são narrados no teatro são atores fazendo. Então, a forma de escrever é diferente. Todas as obras são importantes na minha trajetória, seria difícil escolher uma. Mas o teatro é a casa do ator", alega.
É impossível falar do filme "Minha vida em marte" sem mencionar o ator Paulo Gustavo, melhor amigo de Mônica. Paulo interpretou Aníbal, coincidentemente o melhor amigo de Fernanda. A amizade foi da vida real para as telas e, por meio delas, o público pôde sentir como é a conexão dos dois atores.
"O Paulo Gustavo é minha alma gêmea. Nossa amizade era maravilhosa, nos falávamos todos os dias, nos ajudávamos em tudo. Minha vida se divide entre antes e depois do Paulo. Nunca mais ri igual. Ele me empoderava e confiava muito em mim, assim como eu nele", conta Mônica.
Sobre voltar a se apresentar em Goiás, a atriz celebra o retorno. "Estou muito feliz por voltar com a peça para Goiás. Sempre me sinto abraçada por essa plateia maravilhosa. É uma energia incrível".
Confira as datas:
“Mônica Martelli - Minha vida em Marte - em Anápolis e Goiânia
Data: Anápolis 4/03 e Goiânia 5/03
Local: Teatro Centro Convenções (Anápolis) e Teatro Rio Vermelho (Goiânia)
Ingressos: Site Cultura Reservas
Valores: A partir de R$ 35