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Paul McCartney: Último show no Brasil será transmitido no streaming

A apresentação poderá ser vista nos streamings Disney+ e Star+ a partir das 21h15. Para assistir, é necessário ser assinante de algum dos serviços

Paul se apresenta em Brasília, no estádio Mané Garrincha, em novembro - Foto: Marcos Hermes/ Divulgação Paul se apresenta em Brasília, no estádio Mané Garrincha, em novembro - Foto: Marcos Hermes/ Divulgação

Paul McCartney vai encerrar sua passagem pelo Brasil com a turnê Got Back no dia 16 de dezembro. A Disney anunciou na terça-feira, 5, que irá transmitir o show no Maracanã. A apresentação poderá ser vista nos streamings Disney+ e Star+ a partir das 21h15. Para assistir, é necessário ser assinante de algum dos serviços. O evento configura a primeira transmissão da Disney+ de um show ao vivo no País.

De blazer preto, calça da mesma cor e camisa azul clara, Paul apareceu no palco às 20h48, em Brasília. Quebrou a pontualidade inglesa em meros 18 minutos. “Boa noite, véi”, saudou o músico, para delírio das 60 mil pessoas presentes no estádio. Sem papinho, abriu o primeiro concerto da turnê “Got Back” em solo brasileiro com o hit “Can´t Buy Me Love”, gravado em “A Hard Day´s Night”, lançado em 64. É símbolo irrefutável da febre mundial que se tornou a beatlemania. Depois, uma sequência de músicas jogou a temperatura lá embaixo.

Se “Junior Farm”, “Letting Go” e “She´s a Woman” esfriaram o público na arena, Paul arrancou gritos histéricos em nós assim que a banda puxou “Got To Get You Into My Life”, uma das mais interessantes do repertório gravada em “Revolver”, de 66. Mas voltou a privilegiar as canções mais recentes com “Come On To Me”. Uau, bela música! Guitarra esperta, vibrante, pulsante. Você começa a balançar a ponta dos pés no chão. E esse baixo aqui? Vai martelando orgasmos sonoros, costurando sonhos excitantes… Caso seja maluco pela distorção guitarrística, como eu, arrisca-se até a desenhar acordes ao vento.

Impossível dar errado. Em duas horas e meia, os ex-colegas de Beatles receberam lindíssimas homenagens, exceto Starr, mas nenhuma levou as 55 mil pessoas a se emocionarem tanto quando Paul se referiu a Lennon como “meu irmão”. Isso aconteceu mais perto do final, em “I´ve Got a Felling”, com a voz do parceiro isolada. Foi extraída do último show que a banda britânica fez, em 1969, no teclado da Abbey Corps. Dois beatles, dois gênios, dois mestres. O mundo seria, realmente, um lugar terrível se a música deles não tivesse nos tirado do marasmo medíocre, das guerras de consciência e da caretice de nossos pais. Vê-los num dueto é o tipo de fotografia que ficará gravada na memória.

Mas antes um pouco, quando Paul se livrou do blazer, notamos que lhe sobra técnica. Ok, a voz já não é a mesma de outrora. Também, pudera: estamos falando de um cara que já passou dos 80 anos! Por favor, não esqueça que nos referimos a um senhor! Foi bom assisti-lo enérgico na já mencionada “Let Me Roll It”. O baterista Abe Laboriel, um dos melhores do mundo, caprichou na dancinha durante “Dance Tonight” e esticou o tapete musical para Paul desfilar cantando “Blackbird”. Só deu pra identificar isso aqui vindo da plateia: gritos, gritos e gritos. Difícil haver outro tipo de ração, não é mesmo?

Já me encontrava esbaforido, língua pra fora, fibrilando felicidade roqueira. E Paul, sacana como só ele é, tratou de enfileirar Getting Better”, “Nineteen Hundred and Eighty-Five”, “Maybe I’m Amazed” e “Here Today”. Essa última dedicada a Lennon, aliás. Manjado no setlist de “Got Back”, a primeira parte inicia e finaliza com canções de “Abbey Road”, último disco que Ringo, Paul, John e George gravaram juntos e o penúltimo da discografia dos Beatles. É arrebatador escutar “You Never Give Me Your Money” e “She Came in Through the Bathroom Window”, mesmo parecendo que uma parte do público sequer as conheciam.

Paul se prende ao repertório: pouca improvisação dos músicos e transição entre músicas bem encaixada, solos precisos e linhas de baixo sacolejantes. O melhor, além dos clássicos e composições da fase psicodélica dos Beatles, foi assistir ao músico demonstrar sua versatilidade, tocando o indefectível baixo Höfner e o belo piano (“Let It Be”, “Hey Jude” e “My Valentine”), além do violão e da guitarra (destaque para Sgt Pepper reprise/Helter Skelter). Fiquei em êxtase, energia nas alturas, como se estivesse ligado àquele amplificador Marshall em que os músicos plugaram seus instrumentos. Inesquecível pra sempre. (Com Agência Estado)

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