Milhares de roteiristas de cinema e televisão entraram em greve nesta terça-feira (2), interrompendo a produção de filmes e séries de TV em Hollywood. A paralisação foi convocada pelo sindicato Writers Guild of America (WGA) depois de não conseguir chegar a um acordo com os estúdios, como Walt Disney e Netflix, para salários mais altos. A última greve do WGA, em 2007 e 2008, durou 100 dias e custou mais de US$ 2 bilhões à economia da Califórnia.
A interrupção da produção afetará toda a cadeia de produção das séries de TV programadas para estrear no outono do hemisfério norte, entre setembro e novembro. Programas noturnos de talk show, como os apresentados por Jimmy Kimmel e Jimmy Fallon, que usam equipes de roteiristas para escrever suas piadas, devem interromper imediatamente a produção. Isso significa que novos episódios não estarão disponíveis durante os horários tradicionais da TV americana ou nos serviços de streaming que os disponibilizam no dia seguinte.
A greve prolongada também pode atrasar a temporada de outono da TV, já que a escrita para os shows de outono normalmente começa em maio ou junho. Se a greve se prolongar, as emissoras preencherão cada vez mais suas linhas de programação com reality shows improvisados e reprises.
Os roteiristas afirmam ter sofrido financeiramente durante o boom das plataformas de streaming, em parte devido a temporadas mais curtas e menores pagamentos. Metade dos roteiristas de séries de TV agora trabalha com salários mínimos, em comparação com um terço na temporada 2013-14, de acordo com as estatísticas do WGA. O pagamento médio para roteiristas no nível mais alto de escritor/produtor caiu 4% na última década.
Além dos salários, outra questão na mesa de negociações é a inteligência artificial. O WGA quer salvaguardas para impedir que os estúdios usem IA para gerar novos roteiros a partir de trabalhos anteriores dos roteiristas. Os escritores também querem garantir que não sejam solicitados a reescrever rascunhos de roteiros criados pela IA.
A greve ocorre em um momento em que a indústria do entretenimento enfrenta mudanças sísmicas desencadeadas pelo boom global das plataformas de streaming. As empresas de mídia estão enfrentando um cenário econômico difícil, com a ameaça de uma recessão na maior economia do mundo se aproximando. Os conglomerados estão sob pressão de Wall Street para tornar seus serviços de streaming lucrativos após investir bilhões de dólares em programação para atrair assinantes.
Embora a Netflix possa estar isolada de qualquer impacto imediato por causa de sua estrutura global e acesso a instalações de produção fora dos EUA, uma greve prolongada pode afetar toda a indústria do entretenimento.