A morte da cantora Sinéad O'Connor, de 56 anos, célebre pela música "Nothing Compares 2 U", foi confirmada nesta quarta-feira (26).
Sinéad O'Connor foi muito mais do que uma artista de sucesso; ela foi uma figura poderosa que se destacou por sua coragem ao desafiar as normas sociais e lutar contra a injustiça.
Desde o início de sua carreira, a cantora usou sua exposição pública para o ativismo. Um dos momentos mais marcantes aconteceu em 1992, quando ela ousou falar sobre os abusos sexuais cometidos por padres da Igreja Católica, rasgando uma foto do então papa João Paulo II durante uma apresentação no popular programa Saturday Night Live.
Sua música era conhecida por sua profundidade emocional e honestidade crua. A interpretação arrebatadora de "Nothing Compares 2 U" tocou os corações de milhões de pessoas e se tornou um hino para os momentos de desgosto e perda.
Sinéad O'Connor não hesitava em abordar temas difíceis em suas canções, incluindo abuso e o encobrimento do abuso sexual infantil pela Igreja Católica.
A cantora também enfrentou críticas e boicotes por sua postura. Em 1990, recebeu duras críticas de publicações e artistas americanos ao se recusar a se apresentar se o hino nacional dos Estados Unidos fosse tocado antes de seus shows. Frank Sinatra chegou a ameaçá-la publicamente.
Além de sua atuação na música e no ativismo, Sinéad O'Connor expôs suas lutas pessoais. Em um vídeo de 12 minutos publicado em 2017, ela falou abertamente sobre transtornos mentais e o distanciamento de sua família. Na época, a artista vivia em um motel de beira de estrada em Nova Jersey, Estados Unidos.
Nos anos seguintes, a cantora passou por uma jornada de transformação. Mudou de nome para Magda Davitt em 2017 e, em seguida, converteu-se ao islamismo, adotando o nome de Shuhada' Sadaqat. Apesar disso, continuou a gravar músicas e se apresentar com seu nome de nascimento.
Nos últimos anos, houve uma reavaliação do legado de Sinéad O'Connor. Sua ousadia e determinação em falar a verdade ao poder estão sendo cada vez mais reconhecidas e apreciadas à medida que a cultura evolui.
Em 2021, a cantora lançou um livro de memórias intitulado "Rememberings", que trouxe à tona suas experiências e desafiou os julgamentos impostos sobre ela, lançando luz sobre sua jornada de vida.
No entanto, a vida de Sinéad O'Connor também foi marcada por tragédias pessoais. Em janeiro de 2022, seu filho Shane O'Connor, fruto de seu relacionamento com o cantor folk Donal Lunny, foi encontrado morto em Wicklow, Irlanda, após ter fugido do hospital onde estava internado, após duas tentativas de suicídio. Sinéad era mãe de outros três filhos: Jake Reynolds, Roisin Waters e Yeshua Francis Neil Bonadio.
Embora a causa de sua morte não tenha sido divulgada, a cantora já havia falado publicamente diversas vezes sobre sua batalha contra a depressão e a fibromialgia, uma doença caracterizada por dor generalizada e intensa, além de outros sintomas.