Rafaela Silva, de 27 anos, campeã olímpica, mundial e pan-americana, foi pega no exame antidoping feito durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. O Instituto Reação, clube pelo qual a atleta compete, convocou uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (20/9), às 15h, na sede da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro, para explicar o caso.
Em entrevista, a judoca disse não ter feito o uso da substância de forma consciente. "Nenhum atleta se prepara para um momento como esse. Estou aqui para dar a minha cara a tapa. Fiz os testes, estou limpa. É continuar treinando, competindo e provar minha inocência", afirmou Rafaela.
A substância proibida encontrada no teste da atleta foi fenoterol, que tem efeito broncodilatador e costuma ser usado em tratamento de doenças respiratórias, como a asma. O exame foi realizado no dia 9 de agosto, mesma data em que Rafaela Silva ganhou a medalha de ouro no Pan.
"Eu dei positivo. Estamos estudando e avaliando a possibilidade da substância ter chegado ao meu corpo. Estou aqui para falar. Quisemos antecipar, mas não podíamos falar antes da audiência. Não tenho nada a esconder. Não tomo remédio, bebida alcoólica. Sempre tive muito cuidado." contou a judoca.
Ainda na coletiva, Rafaela Silva disse que está no alvo da Wada desde que chegou à seleção de judô e que já tinha uma suspeita do problema. "Estou na mira, no alvo da Wada desde que cheguei à seleção de judô, em 2010. Justamente por não fazer esse tipo de coisa. Já sabia há um tempo, mas não tinha nada concreto", explicou a atleta.
A suspeita é que a contaminação possa ter ocorrido a partir do contato recorrente com uma bebê de sete meses, filha de outra judoca do Instituto Reação. A filha de Flávia Rodrigues, faz o uso de medicação contra asma.
"A única pessoa que fez uso dessa substância foi a Lara, que treina no Instituto Reação. Eu tenho mania de dar meu nariz para a criança chupar. Conforme ela vai chupando meu nariz, eu vou inalando as substâncias que ela manda para o meu corpo", comentou Rafaela.
Bichara Neto, advogado de Rafaela Silva, confia na defesa que será realizada diante do caso da atleta. O fenoterol não é uma substância proibida pela Wada, porém, especificada (o atleta pode apresentar sua defesa em relação ao contato com a substância).
Como não está suspensa do judô, Rafaela Silva continuará treinando e competindo normalmente pelo Instituto Reação, até o caso ser julgado pela Federação Internacional de Judô.
Rafaela Silva coleciona medalhas
A judoca Rafaela Silva, foi medalhista nas competições mais importantes do esporte no mundo. Em 2016, nas Olimpíadas do Rio, a atleta conquistou a medalha de ouro na categoria até 57 kg. Ela venceu por wazari a atleta da Mongólia, Sumya Dorjsuren.
Já em 2018, Rafaela também ganhou medalha de ouro no Grand Prix de Judô em Budapeste, na Hungria. E com uma final de reviravoltas, a medalhista olímpica conseguiu a vitória sobre a alemã Theresa Stoll com um ippon, para garantir o primeiro lugar.
E recentemente, depois dos Jogos Pan-Americanos de Lima, a judoca disputou o Mundial de Judô, em Tóquio, no Japão. Lá, ela ganhou a medalha de bronze após vencer a francesa Sarah-Léonie Cysique. Além disso, Rafaela Silva também contribuiu ao participar da equipe mista do Brasil, que conquistaram o terceiro lugar na competição sediada pelos japoneses.