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ESPORTES

O sonho dos Jogos Olímpicos passa por investimentos a longo prazo

O sonho de todo atleta de alto rendimento é participar dos Jogos Olímpicos, mas além do treinamento, das eliminatórias para realizar esse sonho, os atletas precisam lhe dar com a falta de investimento no esporte.

E quando se trata de investimento em esporte, ou nas modalidades especializadas, não se fala apenas de investir no atleta, mas de investir também em arenas, em espaços especializados para o treinamento destes esportistas.

Nos jogos de Tóquio, que foram disputados este ano, isso ficou evidenciado com o brasileiro Darlan Romani, principalmente pela questão de onde eram os seus treinos. Estrutra inadequada, sem a segurança necessária, e mesmo com todas as dificuldades o brasileiro terminou a sua participação nos jogos na quarta posição.

A lutadora goiana de Wrestling Keila Calaça já se prepara para buscar uma vaga nos Jogos de Paris em 2024, e segundo ela "não existe esporte de alto rendimento sem investimento".

Para a atleta é preciso um investimento que seja contínuo, assim como é feito na educação, ou seja, tem que ser desde a base até o alto rendimento.

"É preciso ter três centros nacionais de alto rendimento olímpico, onde as equipes fossem fixas com estrutura necessária e apoio aos atletas. Isso também poderia ser feito regionalmente, como aqui em Goiás que temos o Centro de Excelência e o mesmo poderia servir aos atletas de forma mais efetiva, com equipes multidisciplinares e técnicas", salienta.

Investimento em atleta olímpico tem que ser a longo prazo e não pode ser a conta gotas a cada ciclo

Keila pontua também que a formação de um atleta olímpico dura em média de 15 a 20 anos, e que não se pode fazer o investimento a conta gotas, ou melhor, pontualmente a cada ciclo, pois é preciso pensar no desenvolvimento do atleta, e que este é a longo prazo.

"Sem esse investimento não se pode falar em esporte de alto rendimento. O esporte de alto rendimento demanda altos custos com viagens, taxas de competição, hotéis, técnico, equipamentos multidisciplinares, alimentação de qualidade, suplementação, equipamentos esportivos e tudo isso tem um custo muito alto, que o atleta sozinho sem apoio não consegue suprir", explica.

Keila Calaça fala sobre o que ela vivencia e o que ela faz para conseguir se manter em forma, e estar preparada para as competições, mesmo sem o apoio devido.

"Aí fazemos o que dá, tiramos daqui colocamos ali, priorizamos as competições. Eu não tenho técnico pessoal, não tenho como pagar um técnico de nível que eu preciso, então treino sozinha aqui e quando dá vou treinar com os meus técnicos da seleção brasileira, mas não é a mesma coisa, porque eles apesar de gostarem muito de mim e me ajudarem não estão sempre comigo me acompanhando, isso atrapalha muito o desenvolvimento técnico pela falta de continuidade", completa.

É preciso descobrir o segredo nesses esportes que o investimento é menor e que ainda sim vem trazendo resultados

O mestre de Taekwondo, Edgar Guimarães também fez sua análise sobre a questão de investimentos no esporte no Brasil, para ele ainda é preciso melhorar as políticas públicas esportivas no país. Um dos destaques lembrados pelo treinador foi a participação do Boxe nas últimas três edições dos jogos, que conquistou medalhas, para Guimarães é preciso descobrir o segredo nesses esportes que vem trazendo resultado.

"O investimento no Brasil não é o melhor do mundo, mas também não é o pior, tem muitos países que é bem pior e também trazem resultado. Se olhar o ranking de medalhas o Brasil deu uma crescida de Londres para o Rio de Janeiro, e do Rio para os jogos de Tóquio. Então o problema é que realmente não somos o país do esporte", comenta.

Para Guimarães o esporte não é levado tão a sério no Brasil, pois o mesmo não é implantado na escola de forma coerente, e as políticas esportivas precisam ser mais eficazes.

Assim como a lutadora Keila Calaça, o mestre de Taekwondo compartilhar da mesma opinião que é preciso ter centro de treinamentos especializados para o desenvolvimento dos atletas.

"Tem que ter mais centros de treinamentos avançados de várias modalidades em todos os Estados Brasileiros, em todas as capitais, pois só assim vai fazer com que o esporte de alto rendimento tenha mais eficácia a nível olímpico. Porquê nível olímpico é outra coisa, mundial é uma coisa, jogo pan-americanos é outra coisa, e olimpíadas é uma coisa completamente diferente", explica.

Guimarães encerra a entrevista revelando um outro problema que é a questão da não profissionalização dos treinadores no país, e que a partir do momento que isso ocorrer vai ser possível construir novos atletas.

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