Na primeira coletiva de Fernando Diniz como técnico da seleção brasileira, um assunto foi recorrente, e justamente aquele que deveria ser incomum numa entrevista de apresentação: como será a sucessão de Diniz no comando da equipe. Durante os cerca de quarenta minutos, muito se perguntou sobre Carlo Ancelotti, sobre eventual participação do italiano nas convocações e, claro, se o atual técnico do Real Madrid assumirá a seleção a partir de julho do ano que vem.
Entre ponderações e (quase) nenhuma demonstração de desconforto com o tema, Diniz preferiu se esquivar do assunto. Disse que isso deveria ser conversado com o presidente da CBF. Ednaldo Rodrigues estava no auditório, mas não sentado à mesa com o técnico para a sabatina. “Em princípio, minha intenção é convocar jogador para ganhar o próximo jogo”, disse Diniz, acrescentando que dentro do possível tentará formar uma base.
Ao fim da entrevista coletiva, Ednaldo foi cercado por jornalistas e, como de hábito, respondeu às perguntas. E, ainda que tenha sido evasivo, o dirigente disse com todas as letras que “ele (Carlo Ancelotti) vai estar, pode ter certeza”.
Mais cedo, uma rádio espanhola informou que Ancelotti eventualmente poderia aceitar um novo contrato com o Real Madrid a partir de julho do ano que vem, quando seu vínculo se encerra. Nem clube, nem CBF, nem o próprio treinador deram qualquer declaração pública sobre isso.
Pronunciamento
Antes de Diniz (ele treina seleção em sete jogos, sendo seis das eliminatórias para a Copa e um amistoso) conceder sua primeira entrevista como técnico da seleção brasileira, Ednaldo Rodrigues fez um breve pronunciamento justificando sua escolha.
“A escolha do Fernando Diniz para técnico da seleção brasileira masculina é baseada na carreira de um dos treinadores que mais admiro. Pelo estilo de jogo, pela maneira que enxerga o futebol, e pelo que também ouvi dos jogadores, de treinadores e de muitos da imprensa que têm manifestado por ele respeito e admiração”, afirmou o dirigente. “E também pelo seu caráter, pela sua ética como profissional. Na CBF, os tempos em que caráter e ética não eram prioridades acabaram.”
Mais tarde, ao fim da entrevista, Ednaldo confirmou que Ramon seguirá à frente da seleção sub-20, e que deverá ser o treinador da equipe nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 - isso, claro, caso o Brasil confirme sua vaga na Olimpíada. “No ciclo olímpico, o Ramon é o treinador da seleção sub-20. Vai ter um trabalho já a partir de outubro, no Pan-Americano, depois o Pré-Olímpico”, garantiu Ednaldo.
Quem é Fernando Diniz
Fernando Diniz é psicólogo, tem 49 anos e nasceu na cidade de Patos de Minas (MG). Começou a carreira no futebol como jogador do Juventus-SP. Meio-campista, passou por vários clubes de ponta, como Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Cruzeiro e Santos. Foi campeão paulista pelo Palmeiras, em 1996, e Corinthians, em 1997. Ganhou o Carioca em 2002, pelo Fluminense, e o Mineiro, treinando o Cruzeiro, em 2004.
Sua trajetória como treinador teve início em 2009, quando comandou o Votoraty-SP, conquistando logo no primeiro ano os títulos da Série A3 do Estadual e da Copa Paulista. Depois, dirigiu, vários clubes, como Botafogo-SP, Atlético Sorocaba, Audax, Paraná, Oeste e Guarani. Em janeiro de 2018, teve a oportunidade de treinar o Athletico-PR, de onde migrou para Fluminense, São Paulo, Santos, Vasco e, de novo, Fluminense. Neste ano, conquistou pelo Tricolor carioca os títulos da Taça Guanabara e do Estadual. É considerado precursor do dinizismo, estilo de jogo com muitos toques de bola e pressão no campo adversário.