O Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou na última semana a segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga a manipulação de resultados em jogos de futebol. Segundo as investigações, jogadores estariam sendo aliciados para realizar ações específicas em campo, como receber cartões amarelos e vermelhos, com o objetivo de favorecer apostadores e esquemas de apostas ilegais.
Na operação, três suspeitos foram presos em São Paulo e 20 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo pelo menos nove deles em casas de atletas. Dentre os suspeitos, além de jogadores, estão pessoas suspeitas de integrar o esquema de apostas.
Ao todo, onze jogos foram alvos da investigação na segunda fase da operação, sendo que em cada um deles foram identificadas ações solicitadas pelos aliciadores aos jogadores. Entre as ações solicitadas estão cartões amarelos e vermelhos, pênaltis e escanteios.
“Não necessariamente quer dizer que o atleta tenha, de fato, cometido ou tenha praticado a punição para qual foi oferecido o valor financeiro para tanto”, esclareceu o promotor Fernando Cesconetto durante coletiva de imprensa.
Entre os jogadores investigados, estão nomes conhecidos do futebol brasileiro, como o zagueiro Victor Ramos, ex-Palmeiras, Vasco e Vitória, atualmente na Chapecoense, e Igor Cariús, lateral-esquerdo do Sport Recife. Kevin Lomonaco, jogador do Red Bull Bragantino, e Gabriel Tota, jogador do Esporte Clube Juventude, também são alvos da investigação.
Manipulação de resultados
A investigação do MPGO mostra que o grupo criminoso conseguiu manipular resultados de jogos de futebol após subornar jogadores. A investigação mostrou que os jogadores recebiam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que realizassem ações específicas durante as partidas.
Na primeira fase da operação, deflagrada em fevereiro deste ano, a investigação mostrou que o esquema funcionava da seguinte forma: os apostadores faziam propostas para atletas marcarem pênaltis nos primeiros tempos de cada jogo. Caso os jogadores aceitassem, era feito o pagamento do “sinal”. Após a partida, caso o pênalti tivesse sido feito, os jogadores receberiam o restante do valor combinado.
Na segunda fase, o Ministério Público descobriu que o grupo investigado pedia também aos jogadores que eles tomassem cartões amarelos e vermelhos, além do pedido para a derrota de um time. De acordo com o MP, há indícios de que as condutas solicitadas aos jogadores tinham como objetivo que os investigados conseguissem altos lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas, usando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar o retorno financeiro.
Também havia o "Núcleo Financiadores" - ainda a serem identificados. Eles eram os responsáveis por assegurar a existência de verbas para o pagamento dos jogadores aliciados e também nas apostas manipuladas.
Além disso, havia o "Núcleo Intermediadores", estes eram responsáveis por indicar contatos e facilitar a aproximação entre apostadores e atletas aptos a promoverem a manipulação dos eventos esportivos.
Também havia o "Núcleo Administrativo", que era responsável por fazer as transferências financeiras a integrantes da organização criminosa e também em benefício de jogadores cooptados.