A crescente demanda por minerais essenciais à transição energética está gerando tensões sociais e ambientais no Brasil. Regiões como Minas Gerais, Pará, Goiás e Bahia enfrentam não apenas uma crise climática, mas também conflitos entre comunidades locais e empresas mineradoras. Um estudo recente do Observatório da Mineração revela que a extração de minerais, como o lítio, está associada a alterações climáticas significativas até 2030.
Impactos Ambientais
O relatório destaca que a mineração intensiva está provocando mudanças nos padrões climáticos, com aumento de eventos extremos como temperaturas extremas e chuvas irregulares. Cleonice Pankararu, uma líder indígena da aldeia Cinta Vermelha Jundiba, expressou preocupações sobre os danos causados pela exploração de lítio. “A qualidade do ar e da água está em risco, e nossos rios estão secando”, afirmou.
Especialistas alertam para o fato de que a mineração é frequentemente promovida como uma solução sustentável. No entanto, muitos argumentam que essa abordagem simplesmente transfere a dependência de combustíveis fósseis para uma dependência ainda maior de recursos minerais, exacerbando os problemas ambientais.
Conflitos Sociais
Além das questões climáticas, os conflitos entre empresas mineradoras e comunidades locais estão se intensificando. O estudo aponta que a mineração gerou zonas de sacrifício, onde os direitos das populações indígenas e tradicionais são frequentemente ignorados. “Estamos criando um novo ciclo de exploração, que ignora as necessidades e as vozes das comunidades”, comentou Gabriela Sarmet, consultora do observatório.
O Vale do Jequitinhonha, por exemplo, é conhecido por suas reservas de lítio, mas a população local enfrenta sérios problemas de saúde, como doenças respiratórias e gastrointestinais, atribuídos à poluição gerada pela mineração. A extração do mineral começou em 2017, e desde então, a qualidade de vida dos moradores tem deteriorado.
Recomendações e futuro
O estudo não apenas aponta os problemas, mas também apresenta recomendações para mitigar os impactos da mineração. É necessária uma gestão responsável e uma fiscalização robusta para garantir que as comunidades sejam protegidas. “O Estado não pode se comportar como sócio das mineradoras, deve agir como regulador”, enfatizou Maurício Angelo, diretor do Observatório da Mineração.
À medida que o Brasil se posiciona como líder na produção de minerais para a transição energética, é fundamental que as decisões tomadas levem em consideração não apenas o desenvolvimento econômico, mas também a proteção ambiental e os direitos humanos das comunidades afetadas.
